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O "Sétimo", filme hispano-argentino, que estreia neste fim de semana nos cinemas brasileiros, é assumidamente um filme B. Dirigido pelo espanhol Patxi Amezcua, é um thriller de suspense despretensioso e de baixo orçamento. Com cara e duração de telefilme, foi gravado em praticamente um único cenário.

Conta, porém, com a presença luxuosa do astro Ricardo Darín, a cara do cinema contemporâneo argentino. O que faz o filme mudar de dimensão. A presença de Darín talvez seja mesmo o grande destaque do longa, que parte de um argumento um pouco exagerado (roteiro com altos e baixos), a uma direção competente que em muitos casos atenua uma certa puerilidade narrativa.

Na trama, Darín vive Sebastián, um advogado obcecado por trabalho, algo mau caráter, e divertidamente cínico que, em razão de uma infidelidade sua, acaba de se separar da mulher espanhola com quem tem dois filhos pequenos.

Encarregado de levar os pequenos ao colégio todas as manhãs, o pai tem o costume de fazer uma brincadeira diária com eles. Eles apostam quem vai do sétimo andar ao térreo de forma mais rápida: o pai, no elevador; ou as crianças, de escada. Porém, em um dia especialmente agitado em sua vida profissional, seus filhos simplesmente desaparecem durante a "corrida", sem deixar pistas.

A partir daí, o homem empreende uma desesperada busca pelo sequestro aparentemente sem motivo, cujas suspeitas recaem sobre todos os vizinhos que vivem entre o térreo e o sétimo andar.

E neste corrimão, no entanto que o filme escorrega. Faltou ao roteiro desenvolver melhor os personagens secundários. O desaparecimento poderia ter a ver com um rumoroso caso de corrupção em que o artista está trabalhando, pode ser coisa do porteiro ou de algum vizinho maluco, pode ser só mais um caso de violência urbana ou uma grande conspiração insuspeitada. Mas, na medida em que o protagonista vai descartando rapidamente os suspeitos, sobram poucas opções, o que torna a solução final um tanto previsível.

Não que o filme não tenha méritos. Em especial nas interpretações de Darín e de Belén Rueda (Mar Adentro) como sua ex-mulher. Em certos momentos, a direção brinca com a história do cinema de gênero e cita grandes filmes como O Inquilino, de Roman Polanski. Há também ótimas tomadas aéreas de Buenos Aires que vão ponteando a passagem do tempo. No geral um filme menor, bem feito a ponto de merecer ser visto como divertimento rápido, mas que não ficará na história como o melhor cinema argentino. GG1/2

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