Passando o bastão: Monarco, Paulinho “Sabu” e Tuco comandaram a festa| Foto: Ricardo Soca/Divulgação

Para uma sociedade que durante décadas negou e combateu suas raízes negras, uma festa como a do último domingo é um sopro de alegria e esperança.

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Era o aniversário de quatro anos da roda de Samba do Sindicatis. Rapaziada que, além de mandar brasa como ninguém na cidade, sabe cultivar a história do samba, sem deixar de se divertir. E que pensa grande. Por conta própria, convidaram Monarco e seus quatro costados de nobreza portelense para abrilhantar o dia, ao lado do ótimo sambista Tuco Pellegrino.

O domingo ajudou, ensolarado. Todos para o estádio do Vila Fanny, força de nossa brava suburbana. A escolha do local foi um golaço. Com estrutura para este tipo de evento – e um nostálgico pão com bife à polaca – o espaço recriou o clima de terreiro de escola de samba. Era a intenção.

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Casa cheia. "Nego até no lustre". Uma mistura linda de idades, gêneros e cores. A tal "amálgama", a melhor coisa do Brasil e que faz acreditar que o país tenha um grande futuro.

Contei cientistas políticos, diplomatas (do samba e do Itamaraty mesmo), jornalistas, policiais, ex-jogadores, aposentados, boêmios pés-de-valsa, lobisomens, moças e senhoras, músicos, famílias inteiras, as crianças sambando ou brincando no gramado que também serviu de estacionamento.

Uma delas, roubou a cena. O pequeno Paulinho Peba, de seis anos, filho de um dos integrantes do Sindicatis. Ele comandava a pelada paralela no campo. Pelas tantas, o carismático menino deixou a bola (leva jeito) de lado como se tivesse lembrado de um compromisso. Foi para o meio da roda e pegou um dos microfones.

Com Monarco, cantou o samba "Criolinho Sabu", música que o mestre portelense compôs aos oito anos de idade. Monarco se emocionou. Sentiu-se passando o bastão para um sambista 63 anos mais novo, doravante chamado de Paulinho "Sabu". "Esse vai dar trabalho pras cabrochinhas", vaticinou o mestre. Um ciclo de arte brasileira.

Depois, o samba enfezou. Os dois bambas e o Sindicatis fizeram o povo cantar os temas das grandes escolas de samba e seus principais compositores até o sol se por. De arrepiar.

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