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O jornalista Telmo Martino morreu na madrugada de hoje, aos 82 anos, no Hospital Samoc, no centro do Rio, de complicações decorrentes de uma pneumonia.

Durante 15 anos ele manteve uma coluna no "Jornal da Tarde" em que comentava a vida cultural e social de São Paulo. Tornou-se uma celebridade paulistana, principalmente na área dos Jardins - e sua palavra de aprovação (ou não) passou a ser indispensável para a maioria dos atores, cantores, escritores e artistas plásticos de São Paulo. Contra ou a favor, era preciso ser citado por ele. Washington Olivetto, Fausto Silva, Rita Lee, Glorinha Kalil, Costanza Pascolatto, Beatriz Segall e Osmar Santos eram dos poucos que ele elogiava constantemente.

Muitos recebiam apelidos e definições que eram repetidos nos restaurantes e saraus. Os artistas, grã-finos ou apenas ricos o disputavam para festas e reuniões, mas Telmo foi também fisicamente agredido por pessoas que se julgavam ridicularizadas por ele no jornal.

Cáustico

O jornalista nasceu no Rio, no bairro de Botafogo, no dia 10 de janeiro de 1931. Estudou no Colégio Santo Inácio, onde foi colega de Paulo Francis, três meses mais velho. Formou-se em Direito, mas nunca exerceu. Em 1953, juntou-se como ator a um grupo amador de teatro, o Studio 53, de Carlos Alberto (irmão de Rosamaria) Murtinho, que, durante uma temporada, apresentou três peças de um ato, sempre às segundas-feiras, no Teatro de Bolso de Silveira Sampaio, na praça General Osório, em Ipanema. Ali reencontrou Paulo Francis, que cuidava da bilheteria, e conheceu Ivan Lessa. Os três se tornaram grandes amigos. No futuro, seriam sempre citados juntos como modelos de um jornalismo crítico, culto e sofisticado. De 1955 a 1967, Telmo trabalhou como redator nos serviços de transmissão radiofônica para o Brasil da BBC, em Londres; depois, da Voz da América, em Washington; e, de novo, da BBC. Em 1958, quando foi lançada a revista "Senhor", dirigida por Francis e a convite deste, colaborou esporadicamente com uma "Carta de Londres", em que resenhava o movimento cultural britânico. Em 1967, de volta ao Rio, foi chamado por Francis a integrar a equipe da nova revista "Diners", de que faziam parte jovens como Ruy Castro, Alfredo Grieco e Flavio Macedo Soares. Com o fim da "Diners", em 1969, Telmo foi para a "Ultima Hora" e, depois, para o "Correio da Manhã", onde escrevia uma página de notas cáusticas e hilariantes, assinada por Daniel Más. Por causa dessas notas, que sacudiam a cidade, foi convidado em 1971 por Murilo Felisberto a transferir-se para o "Jornal da Tarde", em São Paulo, e escrever uma coluna com seu próprio nome.

Em fins dos anos 80, sofreu um AVC (acidente vascular-cerebral), que o abateu por algum tempo. Por coincidência ou não --os tempos e a imprensa eram outros--, sua coluna deixou de produzir o interesse que a tornara de leitura indispensável.

Telmo alternou temporadas em São Paulo com voltas ao Rio e trabalhou em diversos veículos nas duas cidades. Manteve uma coluna semanal de televisão na Folha entre 1998 e 2000.

Seu último emprego foi no site "Babado" do portal Ig, onde escreveu uma coluna que não primou pela regularidade.

Depressão

Fixando-se de vez no Rio a partir de 2000, Telmo afastou-se dos amigos, refugiou-se nos vários apartamentos em que morou (sempre de aluguel e no bairro do Flamengo) e deixou que a depressão se instalasse. Podia passar meses sem sair de casa, dormindo de dia e vendo TV de madrugada. Nos últimos tempos, tinha dificuldade de locomoção. Os poucos que ainda o procuravam notaram que sua memória já não era a mesma. A saúde declinou ainda mais e Telmo morreu na madrugada desta terça-feira. Nunca se casou e não deixou filhos.

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