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O drama Terra Fria estréia hoje nos cinemas carregando duas merecidas indicações ao Oscar, ambas para desempenhos femininos. Charlize Theron (vencedora do prêmio por Monstro) compete na categoria de melhor atriz e Frances McDormand, que já venceu uma estatueta em 1996 por Fargo, entra na disputa entre atrizes coadjuvantes. Elas interpretam mulheres envolvidas em casos de abuso sexual em uma companhia de mineração instalada no estado de Minnesota, Estados Unidos. Com direção da neozelandeza Niki Caro (de A Encantadora de Baleias), o filme é um drama sólido e competente sem maiores pretensões estilísticas.

Desde o início, Terra Fria deixa claro a que veio: um letreiro anuncia que se trata de um filme "baseado em uma história real", transcorrida em uma mineradora da cidade de Iron Range. Também informa que, em 1989, havia nove homens para cada mulher trabalhando como mineradoras na região. O que se segue está mais para drama realista do que para defesa de alguma tese panfletária ou feminista. Se Brokeback Mountain é uma história de amor antes de ser um filme sobre homossexualismo, o centro de Terra Fria está mais nos dramas de uma mulher que propriamente no feminismo enquanto manifesto político.

O papel principal é de Josey Aimes (Theron), mãe solteira, com uma menina e filho pré-adolescente para sustentar. Ela busca emprego depois de uma separação turbulenta. Seu fracasso como estereótipo da mulher americana (leia-se dona de casa, esposa, e mãe) é motivo de vergonha para o pai. Josey acha um trabalho "masculino" em uma mineradora graças à ajuda de uma amiga (Mc Dormand). Em meio ao cotidiano árduo, o comportamento dos colegas homens transgride os limites da brincadeira para dar lugar ao abuso sexual.

Josey tentará resolver o problema com as autoridades responsáveis, levando à escalada previsível acontecimentos esperada em um filme do gênero. Quanto mais reclama, mais é chantageada e abusada no trabalho. Paralelamente, sua relação com o filho e a família deteriora-se. O caso irá parar na justiça, no que lembrará muitos de Erin Brockovich, Uma Mulher de Talento.

Terra Fria também se parece bastante com O Lenhador (com Kevin Bacon), outro filme dirigido por uma mulher, a norte-americana Nicole Kassell. Os filmes compartilham uma abordagem realista dos personagens e de seus mundos (opressão, interior dos Estados Unidos, indústria secundária), alimentada pelo bom desempenho de atores, música incidental funcional (ninguém lembrará do tema da trilha ao sair da sessão) e boa fotografia, pontuada por tons azuis e cinzas. Embora o enredo inspire a expectativa de clichês e lições edificantes, o trato sério focado em narrar, antes de tudo, a vida de uma mulher (e não tratados sociológicos) resulta em um filme competente e sem maiores pretensões. GGG1/2

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