Página da Bíblia impressa em Mogúncia, na Alemanha, em 1462| Foto: Divulgação/Fundação Biblioteca Nacional
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Manuscrito da partitura de O Guarani, com a assinatura de Carlos Gomes
Os Guarda-Freios (acima) e O Desvio, gravuras de Poty Lazzarotto
Arquivos com discos de vinil, no terceiro andar do Palácio Capanema
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Há alguns tesouros em meio aos nove milhões de títulos distribuídos pelos cinco andares do prédio da Biblioteca Nacional. Uma das salas que reúne preciosidades é a da Divisão de Obras Raras. Para se ter uma ideia da quantidade de itens, a chefe do setor, Ana Virginia Pinheiro, apresenta uma me­­dida: são mais de dois quilômetros de livros raros.

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A obra mais antiga é uma Bí­­blia impressa em 1462 na cidade alemã de Mogúncia, por ex-sócios de Gutenberg, inventor da im­­prensa. O exemplar está na exposição Biblioteca Nacional 200 Anos: Uma Defesa do Infinito, que fica em cartaz até 25 de fevereiro. Por m­­edida de segurança, essa Bíblia é exposta apenas uma vez por semana, e os funcionários da instituição não divulgam o dia, com a finalidade de evitar um possível furto. Quem quiser, pode ver a relíquia, que foi microfilmada, no site da BN.

Manuscritos e censurados

Além da Bíblia, outras raridades do acervo estão na exposição, co­­mo um exemplar da primeira edição de Os Lusíadas, de Luís de Ca­­mões, A Menina do Narizinho Arrebitado, de Monteiro Lobato, e ma­­nuscritos de Clarice Lispector, Gra­­ciliano Ramos e Carlos Drummond de Andrade.

Ana Virginia conta que na BN, a exemplo do que ocorre em outras bibliotecas, há o "inferno", espaço que reúne títulos cen­­surados em algum momento da História. A Cidade de Deus, de Santo Agostinho, texto não autorizado durante o século 17, é uma das obras raras e "infernais" da BN, além de folhetos eróticos do século 19, precursores dos "ca­­tecismos" que tornariam célebre Carlos Zefiro durante o século 20.

Câmeras de vídeo instaladas em quase todo o prédio e vigilantes ajudam na proteção e preservação no acervo. Desde 2009, equi­­pamentos de última geração fazem com que a temperatura den­­tro do prédio permaneça de 20 a 25ºC, e a umidade relativa do ar, de 50 a 60. O responsável pelo setor de Preservação, Jayme Spinelli, observa que a temperatura média do Rio ultrapassa os 25ºC e a umidade do ar, oscila de 80 a 90, "situação que deteriora livros e pessoas".

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O objetivo dessas intervenções na temperatura e na umidade é manter o estado de preservação das obras – e também o conforto dos visitantes. "Pois não há acervo sem pessoas", diz Spinelli.

Em outra sala, estão ar­­ma­­zena­­das gravuras, fotografias, desenhos e efêmeros (recortes de jornais, por exemplo): é o Setor de Iconografia, sob a responsabilidade de Léia Pereira da Cruz. In­­formada de que a equipe da Gazeta do Povo estava no local, ela separou duas gravuras raras do artista paranaense Poty Lazzarotto, da década de 1940, que ilustram esta página do Caderno G Ideias.

Viagem pela memória musical

Discos de vinil, de 33 e 78 RPM, CDs, DVDs, manuscritos, cartas, fotos, bilhetes e outros itens que dizem respeito ao universo musical estão armazenados no terceiro andar do Palácio Capanema, a três quadras do edifício-sede da Biblioteca Nacional. Nesse espaço anexo funciona a Divisão de Mú­­sica e Arquivo Sonoro.

Entre os 250 mil títulos, a peça mais preciosa é a partitura da ópera O Guarani, de 1872, com o autógrafo do maestro e compositor Carlos Gomes. Outra partitura, a de Theatro Eclesiastico, do Frei Domingos do Rosário (século 18), também encorpa o acervo. Essa obra, que auxilia no estudo e compreensão da música colonial brasileira, terá uma edição fac-similar, a ser publicada no próximo ano.

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A chefe do setor, Elizeth Higino, explica que o arquivo musical da BN contou, no início, com partituras e discos de Haydn, Mozart, Beethoven e de outros compositores dos séculos 17 e 18. Após aquisições e também a partir de doações, o acervo passou a abrigar, principalmente, obras de compositores brasileiros, de Villa-Lobos a Noel Rosa, de Chi­­quinha Gonzaga a Donga, de Pixinguinha a Tom Jobim.

Pesquisadores, músicos e maestros costumam frequentar o local para analisar e estudar partituras raras, com a finalidade de conferir algum trecho de uma composição. O técnico em documentação Sergio Hosken também atende a solicitações daqueles que precisam escutar, em aparelhos de som da BN, uma gravação rara. O site http://bndigital.bn.br viabiliza acesso a alguns dos títulos do acervo.