Tim e Gal em registros intimistas

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Em comunicação, ruído consiste em tudo aquilo que atrapalha a transmissão correta das mensagens. Evitá-lo, portanto, é uma regra básica para qualquer emissor. Na televisão, não há exemplo melhor dessa eficiência do que o programa Ensaio, notório por apresentar os maiores nomes da música brasileira em momentos intimistas. No ar desde os anos 60, a atração abre mão de qualquer tipo de pirotecnia. Não há cenário, a iluminação é mínima e o entrevistador não aparece. O destaque é o músico, e ponto final.

Depois de lançar em DVD uma das participações de Elis Regina no programa, em 1973, a gravadora Trama acaba de soltar no mercado outras duas edições históricas do Ensaio. Tratam-se das apresentações de Tim Maia e Gal Costa, registradas, respectivamente, em 1992 e 1994. Além da qualidade musical indiscutível, os discos trazem entrevistas afiadas, nas quais os artistas revelam detalhes do início de suas carreiras.

Tim Maia (1942 – 1998) aparece como um dínamo. Fala sem parar, narra suas aventuras nos EUA (de onde foi deportado) e arrisca um papo metafísico sobre o sentido da vida. Na época da gravação, havia sido "redescoberto" pelo grande público após um período de pouca popularidade. O repertório, baseado no CD Ao Vivo, é um verdadeiro desfile de hits: "Vale Tudo", "O Descobridor dos Sete Mares", "Primavera", "Você", etc.

Gal Costa, mesmo mais tímida, também solta o verbo sobre seus primeiros anos como cantora – especialmente no tocante à amizade com os outros Doces Bárbaros. Um reflexo da fase que vivia em 1994, ano do experimental e polêmico show O Sorriso do Gato de Alice, dirigido por Gerald Thomas. Aqui, Gal canta temas de praticamente todos os compositores do primeiro time – de Caetano a Gil, passando por Chico, Caymmi e Vinicius, entre outros.

A Trama promete vender, até o fim do ano, os "ensaios" de Tom Zé e Baden Powell, além de outra apresentação de Elis. Como o acervo do programa é enorme, que venham outros lançamentos!