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Desespero: interpretação de Charlotte Gainsbourg foi premiada em Cannes | Divulgação
Desespero: interpretação de Charlotte Gainsbourg foi premiada em Cannes| Foto: Divulgação

"Filme veio numa fase em que eu estava muito mal"

Nova York - Calmo, sorridente e bem-humorado, o diretor Lars von Trier, de 53 anos, apareceu na tela via satélite para a coletiva de imprensa do filme Anticristo.

Leia a entrevista com o diretor

Paris - Obra-prima ou disparate; retrato da natureza humana ou exibição gratuita de sofrimento. Carregado de polêmica, Anticristo (assista trailer e veja fotos) estreia nesta sexta-feira em Curitiba. Exibido pela primeira vez em maio, no Festival de Cannes, o filme de terror de Lars von Trier foi o divisor de águas do evento por suas cenas de sexo explícito, tortura e mutilação.

O filme foi a oitava indicação do dinamarquês à Palma de Ouro, e a terceira após a vitória por Dançando no Escuro (2000).

Em Cannes, Charlotte Gains­­bourg ficou com o prêmio de melhor atriz. Entre os agradecimentos, ela fez questão de mencionar o pai, o compo­­si­­tor francês Serge Gainsbourg: "Es­­pe­­­ro que ele esteja orgulhoso de mim. Or­­gulhoso e muito chocado", disse.

O filme acompanha a história de um casal (Willem Dafoe e Charlotte) em recuperação após a morte trágica do único filho. Como uma espécie de terapia, se retiram da cidade em direção a uma isolada cabana na floresta, um local chamado Éden, onde religião, desejo, poder e culpa são costurados aos poucos.

Bastante antirrealista – a história tem uma raposa falante – e sobrecarregado de símbolos medievais de feitiçaria, o filme faz da força da natureza um de seus temas emblemáticos. "A natureza é a igreja de Satã", diz um dos bordões emblemáticos do roteiro.

À medida que a natureza vai se mostrando selvagem, a crueldade humana também se revela. A violência das cenas é tamanha que obrigou Von Trier a preparar uma versão "católica" do filme para distribuição nos EUA e em algumas regiões do Leste Europeu e Ásia. No Brasil, é exibido sem cortes.

Os trechos realmente fortes estão entre o meio e o final do filme. Num momento de terror, o personagem de Gainsbourg fura a perna de seu companheiro com uma broca. Impedido de andar, ele terá de se arrastar para tentar fugir da cabana. No Festival de Cannes, a plateia assistiu ao martírio entre vaias, risos e aplausos.

Tão ou mais controverso é o momento em que a câmera enquadra a atriz cortando seu próprio clitóris com uma tesoura. "É horrível!", gritou uma mulher na sala de cinema. Boa parte da audiência abaixou a cabeça sem força para olhar. Mas, apesar das manifestações, poucos foram os que saíram no meio.

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