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Todo mundo que gostava de ver televisão nos anos 80 deve ter um dia parado para ver um filme sobre o relacionamento de uma velha senhora com um garoto problemático. Era Ensina-Me a Viver, que acabou se transformando em um clássico da Sessão da Tarde para toda uma geração. Agora, uma adaptação do mesmo tema estréia no teatro curitibano, para comemorar os 80 anos da atriz número um da cidade. Lala Schneider interpreta um papel inspirado no filme em sua 98.ª peça, Tempo de Amar. A estréia é amanhã, no Espaço Teatro Regina Vogue, dentro do Shopping Estação.

O projeto da montagem está na cabeça do diretor Laercio Ruffa há seis anos. Ele apresentou a proposta à comissão da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Conseguiu os direitos autorais da peça que deu origem ao filme. Mas a liberação para que o espetáculo saísse do papel demorou. E só veio quando a permissão dos descendentes do autor do texto para a montagem já havia expirado. "Partimos para um plano B. Fizemos uma adaptação a partir do mesmo tema", afirma Ruffa.

O autor escolhido para fazer a adaptação foi Edson Bueno. Ele reformulou a história. Nesta versão, o jovem está em uma clínica psiquiátrica, internado por uso de drogas. Tem problemas de relacionamento com o mundo, assim como no original. Mas a velha senhora não surge como uma paixão platônica. É um ponto de lucidez em que ele pode se agarrar. Ela, assim como no filme, ensina o garoto a viver e a deixar com que a vida seja mais calma, menos tensa.

"Conseguimos reunir três gerações do teatro paranaense", comemora Ruffa. Além de Lala Schneider, estão no palco duas das mais conceituadas atrizes da cidade, Gilda Elisa e Claudete Pereira Jorge. Ruffa, que há mais de uma década dirige o grupo Tá na Hora, da PUC, a mais tradicional companhia universitária da cidade, diz que foi uma boa experiência trabalhar agora com gente mais experiente. Além delas, há uma série de jovens atores, que vão desde iniciantes até gente com um pouco mais de experiência. Um deles é Carlos Villas Boas, que vive o jovem problemático. O ator foi escolhido em um teste público para o papel.

Para o diretor, a peça não é um panfleto, nem traz uma mensagem única. Mas acaba servindo como uma metáfora para as situações da vida atual. Lala Schneider concorda. Ela afirma que sua personagem funciona como uma espécie de oráculo em meio ao caos, dando ao garoto um apoio do qual ele precisa, mas que sua família e seus amigos não sabem como oferecer. "Fiquei meio aborrecida quando soube que não poderíamos fazer o texto original, mas acabei me empolgando com essa adaptação. O texto é muito bonito", garante a atriz.

Para fazer a peça, Lala Schneider teve de superar um problema de movimentação, causado por uma fratura no fêmur. A atriz, que completa 80 anos em abril, ficou presa por quatro meses a uma cadeira de rodas. "Ela ficou preocupada, perguntou como faríamos", conta o diretor. "Disse para ela ficar calma, se recuperar, que faríamos assim que ela estivesse pronta", lembra Ruffa.

Na peça, Lala ainda aparece em uma cadeira de rodas – a adaptação do texto que facilitou sua atuação. Quando anda, apóia-se por vezes em uma bengala. Mesmo assim, a atriz resolveu enfrentar o desafio. "Ela tem uma fibra impressionante", comenta Ruffa.

Serviço: Tempo de Amar. Espaço Teatro Regina Vogue (Av. Sete de Setembro, 2.775 – Shopping Estação, 2.° piso), (41) 2101-8292. Texto de Edson Bueno. Direção de Laercio Ruffa. Com Lala Schneider, Gilda Elisa e Claudete Pereira Jorge. De 4.ª a dom. às 21h. R$10 e R$5 (meia).

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