Nas laterais da mesa estão os quatro aspirantes a mestre sommelier do documentário “Somm”.| Foto: Divulgação

“Somm” é a gíria para sommelier, o especialista em vinho, que dá nome ao documentário de 2012. O filme, disponível na Netflix, acompanha quatro profissionais que se preparam para o teste mais importante de suas carreiras, o de “Master Sommelier”.

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A entidade que atribui esse título é europeia e poucos conseguem passar nas três etapas de avaliação: teoria, nariz e serviço. Existem apenas 230 mestres sommeliers no mundo inteiro.

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Os aspirantes ao título precisam saber de cabeça uma quantidade insana de informações bizarras – como as obscuras regiões produtoras dos Bálcãs –; devem ser capazes de reconhecer as características de um vinho apenas pelo bouquet e, depois de prová-lo, chegam ao ponto de dizer o nome do produtor e safra (mas nem sempre acertam); por fim, precisam saber falar e vender o vinho para um cliente (daí o serviço).

Os quatro americanos não são carismáticos – oscilam entre extremos de arrogância e insegurança –, mas o filme tem bons momentos. É divertido, por exemplo, vê-los listar até 12 aromas diferentes para um vinho quando cientistas argumentam que a maioria das pessoas consegue reconhecer quatro aromas distintos numa mesma fonte (os de olfato extraordinário reconhecem, no máximo, seis).

Assim um sujeito faz movimentos circulares com a taça, arejando o vinho, e depois leva ao nariz uma, duas, seis vezes, intercalando as frases. E dispara: “No nariz é limpo e não detecto imperfeições. Tem uma intensidade moderada, é jovial. Tem aromas ‘feridos’: maçã machucada, pera machucada, pêssego machucado... Madressilva, camomila, lavanda, um pouco de botrytis [um fungo mortal para o vinho], calcário, lã molhada... Feno, pistache e chá”. Outro, em meio a uma lista extensa de odores, detecta o cheiro de “lata de bolas de tênis recém-aberta”!

O filme também deixa claro que existe muita gente esnobe interessada em vinho e mostra uma parte importante da indústria movimentada por ele. E essa parte tem pouco a ver com os produtores conversando com suas videiras e brindando o fim da colheita.

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“Somm” tem alguns problemas. Um deles é a insistência do diretor Jason Wise em explodir taças de vinho. São vinhetas que ele usa para separar um capítulo do outro.

A imagem não significa nada na história que está contando e, depois da terceira vinheta, fica irritante. É como se ninguém ali – nem o diretor, nem os aspirantes a mestre sommelier – gostasse mesmo de vinho. Na verdade, um dos estudantes diz que não vê a hora de terminar a prova e ficar um tempo só tomando cerveja porque não aguenta mais pensar em vinho. Esse cansaço, como o de alguém que estuda para um vestibular, parece estragar o documentário todo.

Abaixo, o trailer de “Somm”: