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Patricia Pillar, como a personagem Angela Mahler, de O Rebu | Globo/Estevam Avellar
Patricia Pillar, como a personagem Angela Mahler, de O Rebu| Foto: Globo/Estevam Avellar

A relação de Patricia Pillar com a televisão nunca esteve tão boa. A atriz, que durante muito tempo preferiu manter aparições mais espaçadas no veículo, praticamente não parou de trabalhar nos últimos três anos. E,mesmo assim, não teve dúvidas em dizer "sim" quando, durante as gravações da minissérie "Amores Roubados", no início de 2014, recebeu o convite para viver a empresária Angela Mahler, de "O Rebu", novela das 23 horas da Globo.

"A televisão teve de mudar e, agora, está numa fase muito interessante. Seria pobre da minha parte não perceber isso ou me ausentar nesse momento", justifica a atriz, que apresentou o programa musical "Som Brasil" em 2011 e 2013 e atuou ainda na novela "Lado a Lado", em 2012.

As lembranças sobre a primeira versão de "O Rebu" são muito superficiais na mente de Patricia. Ela recorda de alguns atores em seus papéis, como Bete Mendes, que vivia a personagem encontrada morta na piscina, Sílvia. Ou Buza Ferraz, o bonitão Cauê, que foi o pivô do assassinato naquela época. Mas Patricia jura que passou grande parte da sua vida ouvindo muito sobre a obra de Bráulio Pedroso.

Isso porque Silvio Pozatto, ator e grande amigo dela, é um historiador de teledramaturgia e fascinado pela história. "Conheço a trama e os personagens daquela época através da visão dele. Depois, até descobri que a Globo usou um de seus textos no trabalho de pesquisa sobre a novela", conta.

Na entrevista abaixo, Patricia fala sobre sua experiência gravando "O Rebu", sua forte ligação com a música e do quanto se sente instigada a investir mais na teledramaturgia.

Como chegou o convite para integrar o elenco de "O Rebu"?

PATRICIA PILLAR - Eu fazia "Amores Roubados" e me falaram da novela. Então já era algo que eu sabia há bastante tempo. Mas os capítulos chegaram bem depois.

Achei bacana a proposta, mas não me lembrava muito da história. Na época em que passou, eu era uma menina. Tinha uns 10 anos e me lembro da Bete Mendes linda, de cabelo curtinho. Tenho recordações também do Buza Ferraz e de outras pessoas. Mas não me lembro de nada concreto.

Esse gênero policial instiga você?

PATRICIA - Ah, eu acho que "O Rebu" vai além da trama policial. Para ser sincera, nem acho que o mais importante ali seja saber quem matou. O bacana é se apaixonar pelos personagens e entender qual é a trajetória deles, a história e os segredos de cada um. Essa parte humana, para mim, é bem mais interessante do que saber quem é o assassino. Ou a assassina.

Você torce para que tenha sido a Angela, sua personagem?

PATRICIA - Ainda está muito cedo para isso. Precisamos gravar mais, ler mais capítulos e, aí, ver para ondevai pesar. Mas esse clima de suspense é bem gostoso.

Angela é uma empresária rica, rodeada por pessoas muito poderosas. Você chegou a se inspirar em alguém nessa composição?

PATRICIA - Não, até porque não conheço ninguém parecido com esse pessoal de "O Rebu". Não frequento esses tipos de lugares. Eu sou da ralé, da feira, da padaria, da farmácia, da banca de jornal...

Você completou 50 anos e vai fazer 30 de atuação em novelas. Quando olha para trás, que balanço faz da sua trajetória?

PATRICIA - Olho para meu passado com muito carinho e afeto. Em "Roque Santeiro", não sabia nada da vida e isso era uma delícia. Quero dizer, já tinha feito teatro, mas foi minha primeira experiência na televisão, que é outro mundo. A gente vai aprendendo com o tempo. Muitas coisas mudaram na maneira de você estruturar uma história. A própria tecnologia do HD, a tela que é mais larga, enfim, tem mil coisas.

A novela antigamente tinha 35 minutos por dia. Hoje, até às 23h20, ainda tem novela passando. Sou do tempo em que tínhamos um estúdio. As novelas eram divididas: uma gravava segunda, terça e quarta e a outra, quinta, sexta e sábado. Agora a demanda é bem diferente. Nós gravamos muito mais. A quantidade de trabalho, de cenas, de ação, tudo leva mais tempo. Tanto em "Amores Roubados" quanto em "O Rebu", nós gravamos praticamente com uma câmera só, como se grava cinema. A gente faz de um lado, do outro, tem o plano sequência, enfim, é muito mais trabalhoso no ponto de vista da luz. A novela mudou muito.

Você tem feito mais televisão. O que mudou em você?

PATRICIA - Em mim não mudou nada. Já na televisão... Ela, sim, mudou. A televisão teve de se transformar porque os tempos são outros. Precisam buscar novidade em tudo. São novas histórias e maneiras de contá-las, outros profissionais e tudo isso deixa o trabalho muito estimulante.

Comecei no teatro, depois fiz cinema e,por último, vim para a televisão. Então, posso dizer que novela nunca foi minha finalidade, o meu objetivo. Mas fui gostando cada vez mais de fazer. Hoje temos várias televisões em uma só. São diversos produtos dentro do mesmo meio.

Ao mesmo tempo, a internet ampliou a visibilidade dos atores e transformou-os em celebridades. Como lida com isso?

PATRICIA - Não lido com isso. Sou atriz, profissional, uma operária. Não vivo esse glamour. Me interessam os personagens, as histórias e os colegas que estão envolvidos. Essa outra parte não me afeta.

A televisão está numa fase tão interessante que seria pobre da minha parte não perceber isso ou me ausentar desse momento por outras questões menores. Na minha carreira, sempre estive onde estavam os projetos mais instigantes para mim Pode parecer estranho, mas nunca escolhi o que fazer. Era teatro quando era a melhor opção, ou cinema, ou tevê. Fui atrás das coisas que eu queria fazer. Se tenho feito mais televisão é porque ela tem me dado essa oportunidade.

Nos últimos anos, sua relação com a música parece ter se tornado mais intensa. Você produziu CDs e DVD, dirigiu clipe e até um documentário sobre o Waldick Soriano. De onde vem esse desejo por trabalhar com música?

PATRICIA - Sempre esteve comigo, é algo muito importante para mim. O Brasil produz uma música que é uma dascoisas mais lindas que a gente tem. O primeiro filme que fiz, "Para Viver Um Grande Amor" (de Miguel Faria Jr. e Chico Buarque), era um musical. Fiz várias peças de teatro onde a gente cantava e que tinham música ao vivo, com o Hamilton Vaz Pereira. Mas meus últimos trabalhos, como o documentário e o "Som Brasil", tiveram um alcance maior.

Você já pensou em algum projeto para poder trabalhar mais essa paixão por música na televisão? Como um programa para um canal a cabo, por exemplo?

PATRICIA - Eu penso em muita coisa e estou aberta a tudo. Quando me apaixono por algo, vou lá e faço. Produzi agora um longa chamado "Construção". Uma coprodução minha e do Walter Salles. Gosto de passear por outras áreas. Mas sou atriz predominantemente e isso não vai mudar. E a música tem uma relação bem legal com meus trabalhos na tevê. Meus três últimos papéis, por exemplo, foram em produções com trilhas sonoras fantásticas.

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