Roberto Berliner, diretor de “Histórias de adoção”, com a mulher e os dois filhos adotivos| Foto: Divulgação/GNT

Pai de Antônio, de 14 anos, e Helena, de 11, o cineasta Roberto Berliner conta logo no começo do primeiro episódio de “Histórias de adoção”, série documental de 13 capítulos que estreia nesta terça-feira (8), às 23h, no GNT, como ele e a mulher, Ana Amélia Macedo, formaram a família. Apesar de sempre andar com uma câmera em punho para registrar qualquer tipo de acontecimento, o diretor estava tão nervoso que esqueceu o equipamento quando foi buscar o primeiro filho, adotado 14 dias após o nascimento. Com Helena, em 2004, foi diferente. Berliner e a mulher gravaram tudo. As imagens feitas há 11 anos renderam o curta-metragem “Buscando Helena” e foram usadas agora, para a estreia do programa.

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“A série juntou as minhas vidas pessoal e profissional e trata de dois assuntos muito fortes para mim: a adoção e o documentário. Em geral, a gente expõe os personagens nos filmes que faz. Desta vez, comecei por mim, minha mulher e meus filhos. Passei a lidar comigo como diretor e personagem ao mesmo tempo para entender o processo de adoção. E me coloco de uma maneira diferente agora”, explica o documentarista.

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Berliner define sua história como “bem tradicional”. Ele e a mulher tentaram ter filhos biológicos e passaram por um processo de inseminação, que não funcionou. O casal começou a cogitar a adoção pouco antes de assistir a um documentário sobre o tema num festival de cinema em Amsterdã. No filme, um casal holandês adota uma menina no Brasil. “Ficamos superemocionados, terminamos a sessão do filme chorando”, recorda o diretor.

Pouco tempo depois da chegada de Antônio, o casal iniciou o processo de adoção de uma menina. Helena chegou após três anos e, coincidentemente, também foi para a casa dos pais com 14 dias de nascida. “Foi uma correria. Nos ligaram dizendo “seu bebê chegou e vocês precisam vir até às 18h”. Eram 16h45m quando o telefone tocou”, recorda Ana Amélia.

Para o diretor, a adoção é um tema complexo, e ainda há um certo tabu em torno dele: “eu sou pai e ponto. Isso é muito claro. Mas, além disso, os meus filhos têm uma história e cada um deles traz suas questões. A adoção sempre vai estar presente.”

Na série, Berliner explora os muitos aspectos da questão por meio de depoimentos de famílias bem diferentes. Há um casal de São Paulo que adota uma criança com necessidades especiais, o caso de cinco irmãos biológicos que foram adotados por duas famílias distintas e o pai solteiro que buscou um filho já adolescente. A primeira temporada vai mostrar também um casal formado por duas mulheres e outro por dois homens (que adotaram quatro irmãos biológicos).

“Teve ainda uma inglesa que adotou oito filhos no Brasil”, destaca o diretor. Alguns personagens da série contaram suas sagas no livro “Histórias de adoção: as mães”, de 2010, escrito pela própria Ana Amelia e por Solange Diuana. As duas agora preparam uma nova versão da obra, desta vez sob a ótica dos pais.

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O diretor e a mulher conversaram com os filhos sobre o programa e contam que as crianças viram e aprovaram tudo. “Eles estão completamente por dentro. Nós quatro assistimos juntos ao primeiro episódio. Eu me preocupo um pouco com essa exposição, mas estamos falando de uma história de amor.”

Berliner sabe que a primeira temporada não vai esgotar o tema e diz que adoraria gravar mais uma leva da série. O diretor já começou a escrever outros dois projetos. E ainda trabalha o lançamento do longa de ficção “Nise - O coração da loucura”, sobre o trabalho da médica Nise da Silveira em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio, previsto para o dia 21 de abril.