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Opinião

Um alegre autêntico

 | Marcelo Andrade/Gazetado Povo
(Foto: Marcelo Andrade/Gazetado Povo)
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Jair Rodrigues sempre foi conhecido pelo seu jeito solto, despreocupado. Era aquele camarada que fazia piada com tudo e com todos. Por maior que seja a empatia, a pulga ficava atrás da orelha: toda a espontaneidade é apenas um papel assumido ou fazia parte da "vida real"?

Tive o privilégio de entrevistar o cantor em agosto de 2012 – foi a última vez que conversou pessoalmente com a reportagem da Gazeta do Povo – sua entrevista mais recente ao jornal, entretanto, foi em março desse ano, por telefone, para o repórter Rafael Costa, sobre o trabalho Samba Mesmo, produzido pelo filho, Jairzinho. E a dúvida foi sanada: Jair também adorava uma bagunça fora do palco.

Entre o almoço e o descanso para o show, que aconteceu num sábado, na Caixa Cultural, Jair conversou conosco e também com uma equipe de televisão local. Chegou na porta do hotel às gargalhadas, dizendo que os jornalistas não o deixaram "nem escovar os dentes." Na hora, pediu mais um minuto, sacou os apetrechos de uma bolsa e foi cuidar do sorriso, sempre aberto.

Durante a conversa, que durou pouco mais de uma hora, o cantor, que começou como crooner na noite paulistana, mostrou que estava em plena produção, e muito criativo. Na época, falou sobre o quanto gostava de trabalhar ao lado dos dois filhos, os também músicos Jairzinho e Luciana Mello. Citava, igualmente, a importância do papel de sua esposa e também empresária, Clodine, na sua carreira.

Em suas apresentações, queria ocupar o palco por inteiro. Plantava bananeira, dançava, divertia a plateia. Na apresentação da Caixa, se sentiu ainda mais à vontade para interagir. Tanto que, em uma das músicas, lá foi ele, se meter entre as poltronas. Vez ou outra, sentava no colo de alguma moça, sempre pedindo licença para o marido/namorado. O público ria.

Na entrevista, Jair lembrou de fatos de 50 anos antes com rapidez. Contava as situações com detalhes e adorava cantarolar. Falava sobre as composições e cantava alto, empolgado, chamando a atenção dos funcionários e hóspedes do hotel – mais de uma vez, ele foi interrompido para fazer fotos e dar autógrafos. Atendia sempre com simpatia.

Foram 55 anos de carreira. Perguntei: de onde tira tanta energia? Na ocasião, estava com 73 anos, 53 de música. Não pestanejou na resposta: "Estou preparado. Não perco o meu tempo, estou sempre fazendo meus exercícios físicos, cuidando da voz." Também não precisava dormir muito, ele disse. "Para mim, quatro horas de sono está de bom tamanho."

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