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Memórias do Subterrâneo, que reestréia hoje à noite na Casa de Artes Helena Kolody, é um símbolo fiel do trabalho que o grupo liderado por Emerson Rechenberg vem realizando no teatro. Meio que contrariando a tendência dos outros teatros particulares de Curitiba, a casa vem se esforçando por fazer poucos espetáculos, com temporadas longas e sem se preocupar muito com o aspecto comercial do projeto. “Fazemos o caminho inverso: decidimos o que queremos fazer, sem pensar em bilheteria”, afirma Rechenberg, diretor de Memórias. “Depois tentamos fazer o máximo de divulgação possível. Se der bastante público, ótimo”, afirma.

O caminho escolhido por Rechenberg só é possível, segundo ele mesmo, por alguns fatores peculiares: o fato de a casa ter um aluguel baixo e pertencer a conhecidos, por exemplo. E a decisão de fazer cursos de teatro que ajudem a sustentar o projeto. A bilheteria, assim, fica sendo mais um fator de receita, mas não o único. “Quando decidi entrar na casa, sabia que não ia querer fazer disso uma roda-viva. Temos de fazer bons projetos, com tempo para amadurecimento da parte artística”, afirma.

Memórias, baseada em romance homônimo de Fiodor Dostoievsky, teve sua estréia no ano passado. Ficou em temporada por cerca de três meses, sempre com bom público. O que não é suficiente para encher os bolsos, até mesmo porque na pequena sala do teatro cabem apenas 20 espectadores por noite. Mas os resultados foram animadores. Principalmente com o Troféu Gralha Azul de melhor ator dado a Nawbert Cordeiro, o ator que fazia o monólogo na primeira temporada.

Na reestréia, Cordeiro, que não pôde reassumir o papel, será substituído por Ade Zanardini, ator que já trabalhou em outros projetos de Rechenberg. A idéia agora é fazer mais algumas semanas de apresentações em Curitiba e depois preparar a peça para viajar pelo país. Por incluir poucas pessoas, o diretor acredita que será fácil levar a montagem para várias cidades, mostrando o trabalho do grupo.

A principal dificuldade para remontar a peça em outras cidades é recriar o cenário original da Casa Helena Kolody. Na versão curitibana, a peça é ambientada em uma sala pequena, que lembra um porão. O ator representa separado do público por uma série de tábuas, para dar idéia do clima em que o personagem vive. Em outras cidades, Rechenberg diz que terá de fazer uma versão para palco tradicional. As duas variações foram ensaiadas ao mesmo tempo por Zanardini e pelo próprio Rechenberg, que poderá assumir o papel caso seja necessário fazer apresentações em Curitiba e em outras cidades ao mesmo tempo.

Serviço: Memórias do Subterrâneo. Casa de Artes Helena Kolody (R. Brigadeiro Franco, 3.625), Texto de Fiodor Dostoievsky. Direção de Emerson Rechenberg. Com Ade Zanardini. De quinta-feira a sábado às 21 horas e domingo às 19 horas. Ingressos a R$ 14 e R$ 7 (meia). Até 22 de julho.

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