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As versões apresentadas pela Camerata reconstruíram visualmente a formação palaciana | Alice Rodrigues/ Divulgação
As versões apresentadas pela Camerata reconstruíram visualmente a formação palaciana| Foto: Alice Rodrigues/ Divulgação

Após o cancelamento do concerto da Camerata Antiqua de Curitiba, sob a regência do maestro argentino Juan Manuel Quintana, na sexta-feira, 12, a apresentação aconteceu normalmente no sábado, 13, na Capela Santa Maria. O programa consistia de obras da primeira metade do século 18, de Arcângelo Corelli e G. F. Händel. O que seria uma preleção sobre os compositores e obras do programa, apresentados pelo professor Marco Aurélio Koentopp, da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) e Universidade Estadual do Paraná (Unespar), acabou por se transformar numa palestra que se estendeu muito além do escopo do programa, com informações já desatualizadas. Na primeira parte, a orquestra apresentou Concerti Grossi, Opus 6, "Nº 6 em Fá Maior" e "Nº 3 em Dó Menor", de Corelli, publicados em 1714, que fazem parte de uma coleção de 12 concertos. Essas obras serviram de modelo para toda uma série de composições barrocas que alternavam um grupo de solistas (concertino) com os demais (ripieno). As versões apresentadas pela orquestra da Camerata reconstruíram visualmente a formação palaciana da época, com os músicos tocando em pé e divididos entre as extremidades do palco, com exceção dos violoncelos e da teorba, sentados no meio. O efeito ficou muito bom, apesar dos instrumentos modernos. A interpretação do "Concerto Op. 6 N.º 6" foi muito apropriada, mas já a segunda obra, o "Op. 6 N.º 3" soou insossa e burocrática, como se os músicos já não estivessem mais com vontade de tocar, apesar de ser uma obra menos desafiadora tecnicamente que a anterior.

Na segunda parte do programa, com a participação da Camerata Antiqua completa, foi apresentada uma obra que é antiga conhecida do grupo que, inclusive, já a gravou sob a direção de Roberto de Regina, – o Dixt Dominus (1707), de Händel. Trata-se, provavelmente, do mais antigo manuscrito autógrafo do compositor, que foi escrito em Roma atendendo às demandas do estilo local, estritamente controlado pela Igreja Católica. Na época, a cidade sede da Igreja era o único local da Itália no qual a apresentação de óperas era proibida e a música sacra predominava. O jovem Händel, recém-chegado de Hamburgo, quis mostrar toda a sua habilidade como compositor de música vocal e contrapontista. Acabou por criar uma obra muito complexa que até hoje representa um grande desafio para os intérpretes. A versão apresentada foi um tanto irregular. A orquestra se saiu muito bem, apesar da sonoridade muito moderna do grupo em face ao, já quase, meio século de interpretação dessas obras com instrumentos e técnicas históricos pelo mundo afora. As dificuldades do coro foram muitas, desde o equilíbrio entre as vozes femininas e masculinas até problemas com a manutenção dos andamentos. Porém, alguns dos solos foram notáveis, com destaque para a ária de contralto, "Virgam Virtutis", belissimamente cantada por Daniele Oliveira. Os dois últimos movimentos da obra, "De Torrente in Via Bibet", para dois sopranos solistas e coro, e a fuga final "Gloria Patri", apesar de pequenos deslizes, foram os pontos altos do concerto.

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