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A produtora cultural curitibana Mônica Drummond, proprietária da empresa Cultural Office, tem uma missão com data marcada para acabar: encontrar, até o dia 31 de dezembro – também último dia útil do ano – um patrocinador para o relançamento de um livro do escritor e cartunista Millôr Fernandes (1923-2012), aprovado em Lei Rouanet. A política de incentivos fiscais permite que pessoas físicas ou jurídicas apliquem parte do imposto de renda em ações culturais, mas a empreitada não está sendo tão fácil quanto parecia. "As empresas podem escolher entre pagar para o Ministério da Fazenda ou pagar para a publicação desse livro. É uma publicidade a custo zero!", detalha Mônica, que afirma ainda que a principal desculpa das empresas procuradas para esse patrocínio é a falta de lucro ou um calendário fechado de apoios culturais para os próximos anos.O livro em questão é Tempo e Contratempo, uma coletânea de contos, cartuns e ilustrações reunidos originalmente em 1949 pelo cartunista morto em março deste ano, publicada sob o pseudônimo de Emmanuel Vão Gogo. A produtora conta que uma segunda edição foi lançada em 1998, pela editora Beca, mas tanto uma quanto a outra estão completamente esgotadas. "Quem me deu o primeiro aval para aprovar essa obra na Lei Rouanet foi a Maria Amélia Melo, editora da José Olympio e amiga do Millôr. Como a editora não trabalha com esse conceito de livro arte, ela resolveu fazer o projeto comigo, pela Cultural Office", explica. Empenhada em fazer um projeto totalmente realizado com iniciativa paranaense, a produtora cultural conta que a nova edição de Tempo e Contratempo tem projeto gráfico assinado por Guilherme Zamoner Neto, de Curitiba, e a captação dos recursos está sendo tentada também com empresas locais.

Prazo

O tempo, porém, está acabando. Com prazo de dois anos desde sua aprovação na lei para conseguir a verba necessária, Mônica não vê tanta esperança caso a obra precise passar pelo crivo da lei em uma segunda ocasião. "Dessa vez, precisaria pedir diretamente para a família do autor, herdeiros de sua obra, e tenho certeza de que não seria tão fácil. Não temos a intenção de passar por tudo isso de novo." Há ainda o complicador de Millôr Fernandes ser um artista carioca, o que não qualifica o projeto para o edital da Conta Cultura, iniciativa da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seec), que encaminha obras paranaenses aprovadas pela Lei Rouanet para empresas parceiras.

E, afinal, qual é o valor do investimento? Acredite ou não, é relativamente baixo para um projeto de "Livro de Alto Valor Artístico", como Tempo e Contratempo é classificado pela Lei Rouanet: R$ 146 mil, por 3 mil exemplares de um livro em formato quadrado, de 21,5 por 24 centímetros, capa dura, 160 páginas, algumas com ilustrações coloridas. Uma soma rápida de cabeça dá conta do valor unitário: R$ 48, com a distribuição e todos os serviços pagos. Mônica Drummond diz que o mercado paranaense é naturalmente fechado para apoios culturais. "Não tenho como competir com quem vem do eixo Rio-São Paulo captar recursos." Entretanto, a empresária é otimista com a reta final. "O final do ano é o período em que as empresas fazem seu balanço fiscal e veem qual é o imposto a ser pago. Talvez agora seja possível conseguir alguma coisa."

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