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James McAvoy é um leiloeiro desmemoriado no suspense Em Transe, que recorre a uma hipnoterapeuta (Rosario Dawson) | Divulgação
James McAvoy é um leiloeiro desmemoriado no suspense Em Transe, que recorre a uma hipnoterapeuta (Rosario Dawson)| Foto: Divulgação

Cinema

Confira informações deste e de outros filmes no Guia do JL.

O diretor britânico Danny Boyle, até mesmo seus detratores hão de concordar, faz um cinema de alta pulsação. Mesmo quando não tem nas mãos uma grande trama, como é o caso do suspense Em Transe, que estreia nesta sexta-feira (mais informações na página 8), ele é capaz de fazer o coração do espectador bater mais forte, de instigar-­lhe os sentidos, com sua extrema habilidade de esculpir filmes que escapam ao trivial.

Depois do bem-sucedido 127 Horas (2010), indicado ao Oscar de melhor filme, Boyle, que ganhou oito estatuetas com Quem Quer Ser Um Milionário?, brinca com as possibilidades da narrativa no seu competente, ainda que esquecível, em certa medida, longa-metragem.

Na história, Simon (o escocês James McAvoy, de Desejo e Reparação) é um leiloeiro de arte endividado, que aceita o convite para se aliar a uma gangue que pretende roubar uma tela do pintor espanhol Goya (1746-1828), avaliada em milhões de dólares.

O golpe, no entanto, sai dos trilhos: ao tentar bancar o esperto, enganando o chefão Franck (o francês Vincent Cassel, de O Ódio), Simon acaba recebendo uma pancada na cabeça e perdendo a memória. Esquece o que aconteceu depois do roubo e onde escondeu o quadro.

Sessões de tortura orquestradas por Franck não são capazes de fazer o leiloeiro se lembrar do que ocorreu e do paradeiro da obra. Resta aos malfeitores, então, buscar a ajuda de uma hipnoterapeuta (a norte-americana Rosario Dawson, de Incontrolável), que pode, ao ajudar Simon a vasculhar seu próprio cérebro, fazê­-lo lembrar-se onde a obra está.

Apesar do roteiro pouco verossímil, ainda que criativo na forma, Em Transe resultaria de algo bem próximo do ridículo não fosse a pegada visceral de Boyle, que energiza a trama com uma edição por vezes febril e um visual que enche os olhos. Mesmo quando utilizado como mero artifício para disfarçar as muitas deficiências da história.

O trio de atores principais também ajuda, conferindo complexidade aos personagens, todos muito ambíguos, dentro da tradição do cinema noir – com o qual o filme tem inegáveis ligações de parentesco.

Se Em Transe não tem o impacto de trabalhos anteriores de Boyle, como o hoje clássico junkie Trainspotting – Sem Limites (1996) e o tenso (e intenso) 127 Horas, não chega a sujar a reputação de seu criador.

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