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Cena familiar em gravura de Guido Viaro | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Cena familiar em gravura de Guido Viaro| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

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Prêmio Ibema Gravura

Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1.348 – Centro), (41) 3018-6193. Visitação de terça-feira a sábado, das 14h às 18 horas. Entrada franca. Até 29 de novembro.

Museu foca em memória e salas especiais

Neste mês, o Museu Guido Viaro, criado para abrigar o acervo e difundir o trabalho do pintor ítalo-brasileiro Guido Viaro (1897-1971), completa cinco anos de existência. Além de sediar uma exposição permanente com quadros do pintor, o local, que é mantido pela família e não conta com nenhuma verba pública, se consolidou como espaço cultural da cidade.

Mostras temáticas de filmes, exposições de diversos artistas, como Ida Hannemann de Campos, Fernando Veloso, Domício Pedroso (1930-2014), entre outros, séries de concertos de música clássica e peças de teatro costumam fazer parte da programação do museu.

Espaços

Além disso, há um foco educativo e de divulgação de outros artistas locais: o museu recebe visitas de escolas e abriga locais como o pátio de esculturas e o ateliê do pintor Jair Mendes. Uma sala, no segundo andar, celebra a carreira do escritor Dalton Trevisan: há imagens de diversos números da revista literária Joaquim, fundada por Trevisan, traduções de livros publicados em outros países, trechos de críticas de jornais como o The New York Times, e textos feitos pelo escritor na máquina de escrever.

  • Mostra traz trabalhos de jovens gravuristas
  • Sala especial com trabalhos de Viaro foi montada pelo filho, Constantino
  • Museu Guido Viaro traz sala especial dedicada ao escritor Dalton Trevisan

Desde o começo dos anos 2000, Curitiba, considerada nas décadas anteriores um polo para a gravura, deixou de ter um bom espaço de divulgação para os artistas que trabalham com a técnica. Décadas antes, a cidade fervilhava: no fim dos anos 1980, a cidade ganhou um museu específico que conta com obras de artista da envergadura de Louise Bourgeois e Andy Warhol. A partir dos anos 1990, a capital também realizou diversas mostras internacionais de gravura, que acabaram na década seguinte.

Por isso, a idealizadora das mostras e organizadora do museu na época, a gravurista Uiara Bartira, achou que já passou da hora de dar mais espaço para os artistas, sobretudo os mais jovens, que precisam de um "espaço nobre" para expor. Convidada para realizar a mostra do 4.º Prêmio Ibema Gravura, Uiara levou a exposição com os premiados ao Museu Guido Viaro – são mais de 20 obras inéditas, de artistas de todo o país, que comemora os cinco anos do espaço (leia mais abaixo).

Vindas do Brasil inteiro, todas as gravuras expostas (houve também inscrições internacionais, da Alemanha e Itália) foram escolhidas por um júri, formado por Uiara, pelo professor especialista em Design, Fabio Mestriner, e o advogado Constantino Viaro – filho do pintor paranaense Guido Viaro e idealizador do espaço. "Não vimos os nomes dos participantes para não sermos influenciados. A maioria das obras são de artistas desconhecidos, mas tem muita coisa boa, diferente. Acho que é uma iniciativa que tem tudo para se firmar", frisa Constantino. A vencedora do prêmio foi Amanda Godoi Barros, com a obra Rinocerontes.

Segundo Uiara, a mostra vem para cobrir essa lacuna da gravura no Paraná nos últimos anos. "Existe uma geração nova que não tem onde vincular a sua obra. É importante retomar essa questão da gravura no Paraná", salienta a artista, que frisa a "linguagem democrática" da técnica. "Ela é fácil de transportar, de ser veiculada. Não é tão cara para fazer quanto uma escultura, por exemplo, que precisa de um arsenal. Fora que a maioria dos grandes artistas sempre tiveram um trânsito pela gravura."

Sala especial

Um desses artistas que também produziu gravura foi o próprio Guido Viaro, pintor ítalo-brasileiro que chegou a Curitiba em 1929 – por isso, o filho montou uma sala especial com vários trabalhos do pai, que integram o acervo do museu: muitas nunca tinham sido expostas para o público.

Segundo Constantino, a época em que o pai mais produziu gravuras foi entre 1945 a 1955. "Ele fazia zincogravuras [técnica em que o desenho é feito em chapas de zinco], e usava ácido sulfúrico para penetrar nas linhas. Um dia, ele desmaiou e o médico o proibiu de usar o material. Depois disso, só produziu ponta seca e xilogravura [em madeira]", conta. Nas imagens, há desde criações mais abstratas e cenas familiares – tema comum em toda a obra de Viaro. "Meu pai trabalhava o dia todo, lecionava, e pintava só depois das dez da noite. Por isso, era muito comum ele pintar minha mãe, eu e outras cenas de família", relembra Constantino.

A mostra do 4.º Prêmio Ibema Gravura fica em cartaz até o fim do mês, e a entrada é franca.

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