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Sinfonia disputada

Saiba algumas curiosidades sobre "Bittersweet Symphony", maior sucesso da banda britânica The Verve, presente no álbum Urban Hymns (1997).

• Lançado no dia 16 de junho de 1997, "Bittersweet Symphony" foi o primeiro single de Urban Hymns, terceiro álbum do The Verve.

• A canção utiliza, em toda sua extensão, o sample de uma gravação sinfônica de "The Last Time", dos também ingleses The Rolling Stones. Para usar o trecho, o The Verve obteve as devidas permissões, tanto da banda de Mick Jagger, quanto da gravadora que lançou o álbum com a gravação em arranjo de orquestra.

• Pouco antes do lançamento de Urban Hymns, Allen Klein, que controla o catálogo dos Rolling Stones, decidiu que o sample era utilizado muitas vezes em "Bittersweet Symphony" e ameaçou abrir um processo contra a banda, caso ela não removesse o sample da canção.

• Não havia mais tempo para que tal exigência fosse cumprida e o The Verve aceitou um contrato verbal que garantia a divisão dos lucros obtidos com a canção em partes iguais, que seriam divididas entre Klein e a banda.

• Mais tarde, Klein exigiu 100% dos lucros e o The Verve aceitou, desde que não tivesse de retirar a canção dos CDs.

• "Bittersweet Symphony" sonorizou comerciais da Nike, da empresa automobilística Vauxhall e o filme Segundas Intenções (1999).

• A faixa aparece na 382ª posição da lista de Melhores Canções de Todos os Tempos e na 5ª posição da lista 50 Maiores Hinos Indies de Todos os Tempos, ambas da revista norte-americana Rolling Stone.

Em tempos de revival da década de 1990, nada melhor que ressuscitar algo que realmente valha a pena e que renda algo além de risadas ou nostalgia, certo? Que tal, então, começar pelo britpop?

Surgido no Reino Unido, no início dos anos 1990, o gênero musical (abreviação de british pop), revelou ao mundo grupos já extintos, como Suede, Blur, Pulp e The Charlatans, e outros que hoje estão no primeiro time do rock atual: Radiohead, Oasis, Muse e Coldplay. Comum a todas essas formações, há o talento de fazer soarem radiofônicas as inúmeras formas de experimentação proporcionadas pelo rock-and-roll.

Entre os oito nomes apontados – bem no meio do caminho mesmo, como se existisse uma categoria intermediária entre ainda estar na ativa ou não – está o The Verve. E a posição do quarteto britânico, formado em 1989 e liderado pelo vocalista, guitarrista e compositor (e ególatra de plantão) Richard Ashcroft, justifica-se simplesmente pelo fato de que, desde 1995, a banda vem tentando acabar logo após o lançamento de cada novo trabalho. Até o momento foram duas tentativas de fim: uma depois de A Northern Soul (1995) e outra durante a turnê de Urban Hymns (1997). E, pelo andar da carruagem, não deve ser diferente com o recém-lançado Forth, quarto título da discografia dos ingleses, já lançado no exterior, mas ainda inédito no Brasil.

Logo que surgiu, apostando em referências como o space rock (marcado pela utilização experimental das guitarras) e o shoegazing (em que vocais melódicos, com os vocalista mirando os pés, e quase ininteligíveis fundiam-se a camadas de guitarras repletas de efeitos), o The Verve (na época Verve, somente) conquistou uma forte reputação na cena britpop, graças a discos como o début A Storm in Heaven (1993). Com a fama, veio à tona a relação íntima dos integrantes com as drogas, que, desde sempre serviram a Ashcroft, Nick McCabe (guitarra), Simon Jones (baixo) e Peter Salisbury (bateria) como fonte de criatividade durante as gravações e nos momentos pré e pós-shows.

Porém, durante os quatro meses de gravações de A Northern Soul, uma combinação explosiva – descrita por Ashcroft mais tarde como o resultado da soma entre "boa música, drogas ruins e sentimentos confusos" – causou a primeira saída de McCabe da formação.

Após algumas tentativas de substituição, o guitarrista retornou ao The Verve para as gravações de Urban Hymns, álbum de mais sucesso do quarteto, que contém o hit "Bittersweet Symphony" (leia mais no quadro ao lado). Mas, poucos meses após o lançamento do disco, durante a turnê de divulgação, uma briga após um show na Alemanha pôs fim a tudo novamente (além de ter rendido uma mão quebrada a McCabe e um maxilar trincado a Ashcroft).

Livre das drogas, o líder do The Verve bem que tentou esquecer sua ex-banda ao partir para uma mal-sucedida carreira-solo. Foram três tentativas – os álbuns Alone with Everybody (2000), Human Conditions (2002) e Keys to the World (2006) –, todas frustradas.

A volta

Em junho do ano passado foi anunciada a volta do The Verve, em sua formação original. A banda sobreviveu bem às gravações de Forth e vem figurando entre as principais atrações dos maiores festivais de música de mundo. Mais pelo revival, do que pelos méritos do novo álbum. Grande parte das canções ultrapassa os seis minutos e isso seria ótimo caso as faixas realmente tivessem algo a dizer. Ashcroft parece ter perdido a mão como letrista de canções embaladas pela psicodelia das guitarras de McCabe – que, ironicamente, são o que fazem Forth valer a pena.

Entre tentativas frustradas de soar mais moderno do que nunca e tão experimental quanto sempre, restam bons momentos como as belíssimas "Judas" e "Valium Skies", ambas baladas, únicos momentos em que os integrantes parecem realmente ter reencontrado a velha sintonia. Apesar de começar exatamente de onde Urban Hymns parou, Forth chega tarde. Um atraso de pelo menos uma década.

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