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Renata Sorrah se prepara para entrar em cena | Gilberto Evangelista/Divulgação
Renata Sorrah se prepara para entrar em cena| Foto: Gilberto Evangelista/Divulgação

Esta Criança

Guairinha (R. XV de Novembro, s/nº), (41) 3304-7900. Dias 6 e 7 de dezembro, às 21 horas, e 8, às 20 horas. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Classificação indicativa: 16 anos.

Renata Sorrah não foi a mesma depois da noite em que assistiu à peça curitibana Vida, no Teatro Tom Jobim, no Rio de Janeiro.

"Conhecer o Marcio [Abreu] e trabalhar com ele foi um divisor de águas para mim", contou a atriz veterana à Gazeta do Povo. O espetáculo realizado em conjunto entre ela e a Cia. Brasileira de Teatro, Esta Criança, retorna a Curitiba no próximo fim de semana, no Guairinha, onde teve poucas apresentações durante o último Festival de Teatro.

O desejo de colaborar com a trupe, que vem abocanhando prêmios nacionais e o respeito da crítica, surgiu junto com a emoção exclusiva das apresentações vivas do teatro: "Foi um daqueles momentos que te marcam profundamente e em que não se pode dar um replay. É a química do momento."

A atuação conjunta, que envolveu uma busca intensa por uma ideia a ser encenada, depois por um texto especial, até a montagem propriamente dita, se deu entre Curitiba, Rio de Janeiro e Paris – para onde voaram Renata, Marcio e Giovana Soar, atriz e tradutora, a fim de conhecer de perto o trabalho da companhia do autor Joël Pommerat.

É um daqueles grupos com "atores vivos, concretos; um pessoal que ama mesmo o teatro", nas palavras da atriz. Não por acaso, Renata percebe pontos de coincidência entre as companhias francesa e curitibana: as coisas que as duas pensam sobre teatro, a figura de um autor-diretor, o compartilhamento da criação com os atores são alguns deles.

O texto em questão, Cet Enfant, no original, apresenta dez pequenas histórias situadas entre as quatro paredes das famílias – ou melhor, três paredes: o cenário enviesado e premiado de Fernando Marés avança sobre as primeiras fileiras do teatro, num interessante rompimento da distância entre público e atores.

À primeira vista, são retratos da falência dos relacionamentos. Mas o espetáculo não se propõe a transmitir "mensagens" com a abordagem que faz da vida familiar.

"Ele mostra na tua frente: olha essa mãe; olha essa relação. Mas sem julgar. Sem didatismo." O curioso é que a peça foi, originalmente, uma encomenda do Instituto de Previdência Familiar da França – o texto partiu de conversas entre o autor e famílias da região da Normandia.

O entrelaçamento entre realidade e ficção conferiu força às palavras. "Fiquei movida. Tenho até a impressão de que nós escrevemos a peça junto com o Pommerat", confessa Renata.

Dramaturgia

A vontade de experimentar autores novos – Renata e a Cia. Brasileira já têm os direitos para a próxima empreitada conjunta, Krum, do israelense Hanoch Levin –, a atriz tem desde o início da carreira. Foi ela quem trouxe pela primeira vez ao país montagens de nomes como Botho Strauss e Rainer Fassbinder. A busca continuou, sem ignorar clássicos como Shakespeare e Tchékhov. "Quando é de qualidade, quando toca o humano, quando você pode transformar aquilo num espetáculo que se torna concreto... Se é um depoimento seu, de atriz, é o que eu busco sempre."

A instabilidade da performance ao vivo a atraiu, agora, a Pommerat: "Ele tem uma frase que diz: ‘Nada é mais bonito do que o equilíbrio precário’. [O teatro] é um fio precário que a qualquer momento pode se romper."

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