• Carregando...
Novo álbum é uma tentativa de retorno às raízes, incluindo uma reconexão com o jazz | Rafael Cañas/Divulgação
Novo álbum é uma tentativa de retorno às raízes, incluindo uma reconexão com o jazz| Foto: Rafael Cañas/Divulgação
 |

CD

Volta

Ana Cañas. Som Livre. R$ 25,90. MPB.

O título Volta, dado pela cantora Ana Cañas a este seu terceiro álbum, não tem apenas a ver com os três (longos) anos que se passaram desde que ela lançou o disco Hein? — um projeto pop que não resultou nem no que ela, nem no que a Sony, sua então gravadora, esperavam.

"O que eu queria agora era voltar às raízes do meu jeito de fazer música", conta a paulistana, de 31 anos. "Precisei de tempo para fazer umas reflexões sobre como estava conduzindo a minha carreira. E também sobre a forma de gravar discos."

A luz veio depois que Ana assistiu a um documentário sobre o disco Exile on Main St., que os Rolling Stones gravaram, em boa parte, no isolamento "mutcho lôco" do porão de uma mansão alugada na França pelo guitarrista Keith Richards. Ela optou, no entanto, por algo um pouco mais tranquilo: a casa do engenheiro de som Aurélio Kauffmann, na Zone Oeste carioca. Bem perto do sítio onde os Novos Baianos fizeram música e filhos nos anos 1970.

No pé da montanha, cercada pela Mata Atlântica, por grilos e "insetos pré-históricos", a cantora começou a mexer em músicas que compusera para o disco anterior, como "Volta" e algumas parcerias com o baixista (e novo baiano) Dadi: o trio "Amar Amor", "Será Que Você Me Ama?" e "Todas as Cores".

A formação instrumental foi reduzida, praticamente, ao seu violão, ao baixo de Fábio Sá e ao violão/guitarra/ukulele de Fabá Jimenez — seus velhos escudeiros, com quem, por sinal, ela divide a produção do novo disco.

"Não quis arriscar, chamando muitos músicos para o disco. Fiz uma opção pelo momento e fui no caminho do feeling", diz Ana, que passou 20 dias gravando no Rio e depois refez algumas músicas num estúdio em São Paulo ("porque se não ficaria um disco só de grilos", brinca).

Reconexão

Na sua Volta, a cantora fez também uma reconexão com o jazz, gravando os standards "My Baby Just Cares for Me" e "Stormy Weather". E da forma mais crua possível: ao vivo, com um microfone só.

"Foi por causa do jazz que eu resolvi me tornar cantora", conta Ana, que foi descoberta pela Sony quando se apresentava no Baretto, bar do hotel Fasano, em São Paulo. "Durante um bom tempo, achava que era muita responsabilidade gravar standards e resolvi me afastar do jazz."

Editado pelo próprio selo de Ana, o Guela, e distribuído pela Som Livre (a que chegou por indicação de Maria Gadú), Volta tem show dirigido por Ney Matogrosso. "Ele é um diretor muito sutil, me deu poucos toques, mas que foram como pequenos diamantes", explica a cantora, que, além do repertório do disco, interpreta Cazuza ("Blues da Piedade") e Caetano Veloso ("Escândalo").

Mas, canção à parte, o que se verá no palco é uma Ana Cañas bem mais comportada do que aquela que lançou Hein? no Canecão. "Eu estava vivendo um inferno pessoal. Hoje encaro o palco com mais seriedade e maturidade", diz.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]