Eran Riklis é hoje um dos principais nomes do cinema israelense, condição conquistada com A Noiva Síria (2004) e reforçada por seu trabalho mais recente, Lemon Tree, lançado há pouco em DVD.
O drama narra uma história um tanto absurda, que dá ao filme ares de sátira. Salma Zidane, uma viúva palestina que vive dos limoeiros deixados pelo marido morto, ganha como vizinho o ministro israelense da Defesa. Seu nome: Israel.
O serviço secreto acredita que os limoeiros de Salma podem favorecer um ataque terrorista, ocultando aqueles que tentarem se aproximar da casa de Israel.
Decidem então desapropriar o terreno e acabar com o pomar, notícia que atinge Salma como um raio. Mesmo abalada, ela decide não ceder e busca auxílio legal, que encontra na figura do advogado Ziad Daud (Ali Suliman), um sujeito desorganizado que vê no caso uma oportunidade para ascender politicamente.
Recorrendo a tribunais e atraindo a atenção da mídia internacional, Salma defende como pode a sua propriedade. A situação expõe o governo israelense, enquanto a viúva árabe é transformada em mártir. "Se nós vencermos, será uma vitória para a Palestina", diz Ziad.
Ao longo do processo, Salma experimenta uma espécie de autodescoberta, que envolve o advogado e o risco de perder seu pomar.
Um filme que seria só uma alegoria curiosa sobre as relações entre palestinos e judeus trabalha, por meio da atriz Hiam Abbass, com sentimentos complexos. É caso de dizer que Hiam é o filme. Ela consegue transmitir uma quantidade extraordinária de coisas sem dizer nenhuma palavra.
Hiam trabalhou em A Noiva Síria e Free Zone, de Amos Gitai. Pode ser vista também em O Visitante, produção indicada ao Oscar 2009 que deve estrear em Curitiba na próxima sexta-feira. GGG
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