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Park City (EUA) – O Festival de Cinema de Sundance começa hoje em Park City (Utah, EUA). Pela segunda vez na história do evento, um documentário será o filme de abertura, repetindo o ocorrido na edição 2002, quando Riding Giants, sobre a cultura do surfe, iniciou a programação.

Desta vez, no entanto, a política dá o tom com a exibição de Chicago 10, de Brett Morgen, que documenta, através de depoimentos, reconstituições e imagens, os violentos protestos e choques ocorridos em 1968, durante a Convenção do Partido Democrata em Chicago. A convenção deveria escolher o candidato a presidente e um dos pré-candidatos era o popular senador McGovern, assumidamente de esquerda e contra a Guerra do Vietnã. Dez dos manifestantes foram presos e condenados à prisão num julgamento até hoje considerado parcial e viciado. Life Support, de Nelson George, sobre ativistas dedicados ao problema da aids, encerrará o evento no próximo dia 28.

O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia, representa o Brasil na Mostra Cinema Mundial e vai concorrer, entre outros, com La Faute à Fidel, de Julie Gavras – filha do cineasta Constantin Costa-Gavras – um filme sobre os problemas de uma menina quando seus pais se tornam ativistas políticos. Já exibido em festivais brasileiros, o filme de Dhalia segue um comerciante repulsivo, interpretado por Selton Mello, que abusa da fragilidade dos seus clientes, no momento em que precisam vender seus pertences.

O Brasil também participa da mostra Documentário Mundial, com Acidente, de Cao Guimarães e Pablo Lobato, um ensaio poético e inovador filmado em 20 cidades de Minas Gerais. Fellipe Gamarano, que concorre na mostra de curtas com Beijo de Sal, retorna ao Sundance, onde esteve na edição passada com La Muerte Es Pequeña.

Competitivas

Na mostra competitiva de dramas para filmes americanos, a mais importante do evento, entre os destaques estão os novos filmes de Chris Smith (The Pool) e de David Gordon Green (Snow Angels). Green retorna ao festival onde em 2003 ganhou o prêmio especial do júri com Prova de Amor. Broken English, o novo trabalho de Zoe Cassavetes (filha de John Cassavetes e Gena Rowlands), sobre os dilemas existenciais de uma jovem mulher, também integra a mostra.

Na competitiva de documentários predominam os temas de denúncia ligados aos males do mundo moderno: guerras, tortura, desagregação social e seqüestros, em filmes como White Light/Black Rain: The Destruction of Hiroshima and Nagasaki, de Steven Okazaki, que relembra as tragédias dessas duas cidades durante a segunda Guerra Mundial; Ghosts of Abu Ghraib, de Rory Kennedy, sobre as práticas de tortura na prisão iraquiana; e Manda Bala, de Jason Kohn, diretor nova-iorquino e filho de mãe brasileira. O filme segue, no Brasil, pessoas seqüestradas, um político corrupto, um empresário que gasta centenas de milhares de reais blindando seus carros. A documentarista curitibana Heloísa Passos participou como diretora de fotografia e câmera da produção.

Paralelas

Nas mostras fora de competição, entre os títulos mais esperados, estão Fay Grim, de Hal Hartley, sobre espionagem internacional; Delirious, de Tom DiCillo, a história de um paparazzo que se torna amigo de um sem teto; Interview, de Steve Buscemi, sobre a entrevista de um jornalista político decadente com uma atriz de novela; e Waitress, de Adrienne Shelly, sobre uma mulher em busca da felicidade.

A atenção para o filme de Shelly aumentou depois do assassinato recente da diretora por um operário de construção em decorrência de uma discussão banal. Na década de 90, Shelly foi chamada de Musa de Hartley, quando protagonizou dois de seus grandes sucessos, A Incrível Verdade e Confiança.

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