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 | Daniel Isolani/ Divulgação
| Foto: Daniel Isolani/ Divulgação

"Um escritor num palco pensando." A frase incompleta, dita pelo personagem de uma peça inacabada, poderia servir como sinopse para "Uma Noite na Lua", monólogo escrito e dirigido pelo pernambucano João Falcão, apresentado na última quarta-feira, 27, no Guairão, em substituição à belga "Kiss & Cry", que não veio ao festival por problemas de logística.

Na pele de um autor em crise, que acaba de ser abandonado por sua amada Berenice e tem apenas uma noite para criar uma peça de teatro (daí o "escritor num palco pensando"), estava o jovem ator e comediante Gregório Duvivier, 26 anos, sucesso no canal do YouTube "Porta dos Fundos" e atualmente em cartaz no musical "Como Vencer na Vida sem Fazer Força", ao lado de Luiz Fernando Guimarães.

Encenada pela primeira vez em 1998, com atuação premiada de Marco Nanini, "Uma Noite na Lua", na época, contava com um cenário grandioso e efeitos especiais. Desta vez, Falcão optou pela simplicidade: nenhum cenário, apenas o ator sob uma iluminação perfeitamente conectada ao sensível texto. Sozinho no palco, sem qualquer aparato, Duvivier justifica o prêmio de melhor ator que recebeu da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR) nesta semana: sua atuação é equilibrada, emocionante e engraçada, sem exageros.

Por mais que grande parte da plateia, um tanto esvaziada, devido à troca inesperada de espetáculos, estivesse esperando uma comédia rasgada, aos moldes de "Porta dos Fundos", ninguém pareceu sair decepcionado do Guairão – aplaudir em pé ao fim do espetáculo seria ainda um gesto de plena satisfação ou apenas mais uma estranha mania curitibana? (fica a dúvida). O texto envolvente e frenético fez rir na medida e deixou uma boa parcela do público feminino sonhando em ser a tal Berenice, musa do personagem de Duvivier.

O ator, meio franzino, com jeito de menino, chegou a arrancar gritos de "lindo!" e até ganhou um presentinho de uma fã ao fim do espetáculo – para as mais apaixonadas, é importante lembrar: ele é casado com a atriz, cantora e roteirista Clarice Falcão, filha do diretor da montagem.

Uma pena que a produção do festival tenha agendado apenas uma sessão emergencial de "Uma Noite na Lua". Fica a lição de que, em certos casos, a programação do evento tem muito mais a ganhar com a simplicidade de uma excelente montagem nacional do que ao investir no transporte de parafernálias multimídias de outros continentes. No fim, quem ganhou foi o público curitibano.

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