Fazer uma retrospectiva dos livros mais importantes de 2005 é um esforço destinado ao fracasso. Não importa quanto espaço esteja disponível – ausências sempre serão sentidas por um ou outro leitor. Há quem considere, por exemplo, o livro da turma do Casseta e Planeta, Como se Dar Bem na Vida, Mesmo Sendo um Bosta, um dos lançamentos do ano. Ponto de vista que pode fazer sentido se se considerar que talvez ele seja um dos melhores livros de humor do período. Explicar o método de seleção das obras que marcaram os últimos 12 meses pode ser uma forma de legitimar listas. Ou você simplesmente ouve quem entende do assunto.

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Para apontar os livros do ano, a reportagem consultou, em ordem alfabética: Fnac Curitiba, Livraria do Chain, Livraria Guerreiro e Livrarias Curitiba. A cada uma das lojas foi pedida uma lista com os dez livros que, na opinião de suas equipes, destacaram-se em meio aos milhares de lançamentos do ano (leia quadro).

Para se ter idéia, somente o Jabuti, prêmio mais tradicional do mercado nacional, bancado pela Câmara Brasileira do Livro, teve 2.310 obras inscritas em sua 47.ª edição. Pinçar dez nesse mar de opções é uma tarefa, no mínimo, subjetiva (e, no máximo, injusta). Não à toa, vários títulos são citados apenas por uma livraria.

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O colombiano Gabriel García Márquez e seu Memória de Minhas Putas Tristes é lembrado por três das quatro livrarias consultadas, empatado com o português José Saramago e As Intermitências da Morte. Também com três "pontos" está Dan Brown, com Ponto de Impacto, o mais recente de sua bibliografia lançado no Brasil.

Ao fazerem as listas dos livros que marcaram 2005, os critérios de escolha foram múltiplos. Há quem tenha citado best sellers (Dan Brown disparado, graças ao interesse suscitado nos leitores) e quem tenha escolhido uma obra filosófica pela importância da tradução (caso de O Mundo como Vontade e como Representação, de Arthur Schopenhauer, traduzido por Jair Barboza).

Se fossem listas dos mais vendidos, não teria para ninguém. Brown, com Ponto de Impacto e Fortaleza Digital (lembrado por duas lojas), ao lado de Harry Potter e o Enigma do Príncipe (duas, também), da escocesa J. K. Rowling, estariam no topo do top 10. Ao invés disso, se vê James Joyce no primeiro lugar da Livraria do Chain e em sexto das Livrarias Curitiba com a nova tradução de Ulisses – um tour de force da professora aposentada Bernardina da Silva Pinheiro.

Como sempre, surpresas não faltam. De acordo com a Guerreiro, o lançamento do ano foi o Livro das Mil e Uma Noites, enfim traduzido na íntegra e direto do árabe pelo professor da Universidade de São Paulo Mamede Mustafa Jarouche. Ao todo, serão seis volumes, dos quais dois já foram lançados. Na seqüência, depois de Saramago, Arnaldo Jabor (Amor É Prosa, Sexo É Poesia) e Martha Medeiros (Coisas da Vida), cinco autores paranaenses ou radicados no estado são lembrados pela Guerreiro: Um Amor Anarquista, do colunista do Caderno G Miguel Sanches Neto (em quinto), O Fotógrafo, de Cristovão Tezza (sexto), Códices d’Incríveis Objetos, de Paulo Sandrini (sétimo), A Gorda do Tiki Bar, de Dalton Trevisan (oitavo), e, em nono, Ultralyrics, de Marcos Prado (1961 – 1996). Trevisan é citado também pelo Chain, mas com outro livro: Rita Ritinha Ritona.

Vale citar outras presenças importantes e inusitadas das listas. O italiano Umberto Eco (A Misteriosa Chama da Rainha Loana), o americano Philip Roth (Complô Contra a América) e o britânico Jonathan Coe (O Círculo Fechado) são mencionados pela equipe das Livrarias Curitiba, enquanto Moacyr Scliar (O Olhar Médico) aparece na lista da Fnac. Autores campeões de venda, além de Brown e Rowling, marcam presença nas preferências do Chain (Carmen, de Ruy Castro, Quase Tudo, de Danuza Leão, e Freakonomics, de Steven Leavitt e Stephen Dubner), da Fnac (O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini, e Paixão por Vencer, de Jack Walsh) e das Livrarias Curitiba (Assassinato na Academia Brasileira de Letras, de Jô Soares, e Na Toca do Leões, de Fernando Morais).

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