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A segunda vitória da Unidos de Vila Isabel pode ser considerada uma continuação da primeira, a de 1988, ano do histórico "Kizomba", sobre a África, a herança africana no Brasil e suas lutas.

Ao ser anunciado em meados do ano passado, o enredo de 2006, "Soy loco por ti, América", foi apresentado como o "Kizomba da América Latina".

Em 1988, a Vila destacava a luta contra o apartheid na África do Sul e celebrava Nelson Mandela. Em 2006, exaltou os povos da América Latina e homenageou Simon Bolívar.

Há, no entanto, diferenças significativas. A Vila de 2006 não é a Vila de 1988. "Kizomba" foi feito com pouco dinheiro, o que levou à opção por materiais simples e baratos, como a palha, que deram um efeito dramático e arrebatador ao desfile.

Em 2006, bancada pela empresa petrolífera venezuelana, a PDVSA, a Vila esbanjou riqueza. Ela reluziu como ouro. Os dois carros que abriram o desfile representavam palácios, um asteca e um inca. O primeiro, azul e dourado, era todo decorado com paetês, e coberto de plumas e penas de pavão. A PDVSA teria entrado com US$ 1,5 milhão, um dos maiores patrocínios da história do carnaval carioca.

No ano de "Kizomba", Martinho da Vila traduzia plenamente a alma da azul-e-branco. Há época ele estava casado com Ruça, a presidente da escola. Foi o autor da idéia do enredo. E o samba tinha a assinatura de Luiz Carlos da Vila.

2006 foi o ano da Vila sem Martinho. Apesar de presidente de honra da escola, Martinho viu o poder girar de mãos, e perdeu espaço. O atual presidente é Wilson Vieira Alves, que tem o apoio de Aílton Jorge Guimarães, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba.

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