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Eleitor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, o cantor e compositor Caetano Veloso considera absurda a hipótese de repetir o voto nas eleições de outubro. Em entrevista à BBC Brasil, em Londres, Caetano chamou de maluquice a idéia de reeleger Lula depois dos escândalos de corrupção, especialmente das denúncias contra o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

- Votar em Lula de novo? De maneira nenhuma. Não voto nele agora de maneira nenhuma. Acho um absurdo votar em Lula de novo - disse Caetano, em Londres para um show com o filho Moreno na série de eventos sobre a Tropicália.

O artista, no entanto, ainda não escolheu seu candidato a presidente. Em 2002, revelou mais tarde, resistiu em marcar o nome de Lula até o último minuto. Votou, mas logo em seguida decidiu apostar em José Serra no segundo turno. "Só para me sentir perfeitamente de acordo comigo mesmo", explicou ele tempos depois numa entrevista.

Caetano já foi eleitor do tucano Fernando Henrique Cardoso, mas não está seguro em apostar no partido mais uma vez, votando em Geraldo Alckmin.

- Não sou obrigado a votar em Alckmin, posso até votar. Pensei em votar em Roberto Mangabeira (Unger), mas a candidatura dele não se mostrou viável. Meu candidato é Roberto Mangabeira - afirmou, referindo-se ao professor de Harvard, ex- guru de Ciro Gomes.

As críticas ao governo Lula se estendem ao campo ideológico. Para o compositor, os escândalos não surpreendem e são resultado de uma postura da esquerda que chegou ao poder com o presidente, representada sobretudo pelo ex-ministro e deputado cassado José Dirceu.

- Não fiquei muito surpreso, não. Porque esse pessoal da esquerda é muito autoconfiante. Pensam que pelo fato de serem de esquerda já é uma vantagem terem chegado ao poder. Então, não se preparam para fazer alguma coisa, não planejam um programa. Pensam que ser de esquerda é algo em si superior - criticou. - O José Dirceu foi uma tradução escandalosa desse tipo de atitude.

Só o amigo Gilberto Gil, ministro da Cultura, escapa do julgamento de Caetano. Para ele, Gil seria uma espécie de "Lula do Lula":

- O aspecto simbólico do Lula não é arcaico. É uma novidade na história brasileira. E também o Gil como Lula do Lula não é um arcaísmo. Gil mostrou preocupações e interesses que não são nada arcaicos. Mas sem dúvida a inércia da sociedade puxa tudo para um lugar terrível, aquele pântano histórico que é o Brasil. E isso aí aconteceu.

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