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Zé Ramalho gravou o seu primeiro LP em 1978, mas é em 2005 que o compositor comemora 30 anos de carreira, em dose tripla. Além de lançar o DVD "Zé Ramalho ao vivo", que também saiu em CD. Assim como nos extras do DVD, Zé fala sobre suas primeiras experiências no Rio e revela que não foi exatamente o LP de estréia que marcou do início de tudo.

- É meu primeiro CD ao vivo. São 30 anos de carreira porque, em 1975, comecei a tocar na banda de Alceu Valença, aqui no Rio, que se chamava Batalha Serrada, e eu era chamado de Zé Ramalho da Paraíba. Eu conhecia Alceu de outros carnavais e ele permitiu que eu apresentasse uma música minha em seu show. Era "Jacarepaguá Blues" - lembra Zé.

Zé conheceu aquele que se tornaria seu parceiro musical por muitos anos na casa da sua então namorada, que era irmã da então namorada de Alceu. Dali para o show "Vou danado pra catende", apresentado no teatro carioca Tereza Rachel há exatos 30 anos, o destino foi de amizade e muitos sonhos. Um deles foi realizado ali mesmo, naquele momento: o violeiro nascido em Brejo do Cruz, na Paraíba, largou a faculdade de medicina e se mandou para o Rio de Janeiro com Alceu e outros, dentro de um Fusca.

- Já tocava desde os tempos de colégio e fazer faculdade era uma insistência da família. Música é uma coisa incerta, mas fui tentar a sorte no Rio mesmo sem saber onde ia dormir. Alceu já tinha uns parentes aqui, mas eu... Quando acabou o trabalho com ele, passei algumas dificuldades - conta o cantor, hoje mais do que estabelecido no Rio.

Essas são algumas das histórias contadas e cantadas por Zé Ramalho no primeiro DVD que reúne os sucessos que o eternizaram como o "trovador nordestino" ou como o "Bob Dylan brasileiro". Do segundo álbum, "A peleja do diabo com o o dono do céu", Zé escolheu três músicas para o repertório do show, que é o mesmo do DVD: "Garoto de aluguel", "Admirável gado novo" e "Frevo mulher". Essa última está na lista das canções "agalopadas", como chama a mistura de frevo com forró, presentes também no DVD. Do tal LP de 1978, "Chão de giz" e "Vila do sossego" também estão no repertório, assim como "Avôhai", homenagem ao avô que o criou.

- Foi a música que me lançou e abriu vários caminhos. Ela tem uma espiritualidade acentuada, pois tem uma letra misteriosa, serena e, ao mesmo tempo, lisérgica e envolvente. Os versos psicodélicos remetem à cultura pop dos anos 70. É um sucesso que todo ano é regravado por artistas de várias camadas, do pop ao sertanejo - conta.

Além do "Medley Gonzagão", que reúne "Sabiá" e "Asa branca", o músico também incluiu nesse novo trabalho o repente "Meu nome é Trupizupe", a única inédita do DVD, e "Corações animais" , que está na trilha sonora da novela "Essas mulheres", da Record, e entrou como faixa bônus do CD. Zé Ramalho, que tem seis filhos e três netos, interpretará no show músicas de várias épocas e que atingem muitas gerações, como "Mistérios da meia-noite" e "Táxi lunar".

- Escolhi as mais conhecidas, que marcaram a minha história de compositor. Quando cheguei no Rio, era um exímio violeiro, depois mergulhei no mundo das letras e composições. Após tantos anos, é difícil permanecer encantando várias gerações, mas acho que consigo. Percebo, nos meus shows, uma platéia formada 70% por pessoas jovens, de vinte e poucos anos. E tenho a sensação de que meu trabalho vai perdurar bastante, mais pela música do que por mim - declara.

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