A desobediência de ordens consideradas abusivas é ferramenta política de mudanças desde a aurora dos tempos. Quando um regime é considerado abusivo por um grupo, muitas vezes esse grupo só encontra uma saída. Há tempos Moraes é, para a direita, símbolo de tirania. Mas dentro de sua burocracia interna, não há mecanismos possíveis para alterar a ordem pré-estabelecida. Jair Bolsonaro parece entender este conflito. Proibido por Moraes de realizar "transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros" e de sair do Rio de Janeiro, o ex-presidente foi à Câmara dos Deputados, exibiu sua tornozeleira eletrônica e discursou sobre ela para a imprensa.
Mas como a situação esquentou a tal ponto?
Inércia. Esse é o nome de um dos princípios que orienta a justiça no Brasil. Acima de tudo, inclusive de suas paixões políticas, o juiz só pode dar uma decisão caso alguém lhe peça algo. Tal princípio visa combater o ativismo judicial, transformando o poder judiciário em tirânico. Mas Moraes resolveu dar um passo para além das provocações: após ver que o portal Metrópoles anunciava uma entrevista com Jair Bolsonaro, o ministro soltou um despacho sem qualquer tipo de pedido anterior. No despacho, ele adverte: se Bolsonaro conceder entrevista, ordenará prisão. Apesar da clareza nesse trecho, há outro bem mais aberto a interpretação: caso Bolsonaro se utilize de terceiros para “burlar a regra”, também corre risco de prisão.
Moraes impõe e Bolsonaro exibe tornozeleira: veja os destaques do Café com a Gazeta do Povo desta terça-feira (22)
BOLSONARO DESAFIA MORAES E EXIBE TORNOZELEIRA A JORNALISTAS;
BOLSONARO CANCELA ENTREVISTA APÓS AMEAÇA DE PRISÃO DE MORAES;
OPOSIÇÃO FOCARÁ ATUAÇÃO EM IMPEACHMENT DE ALEXANDRE DE MORAES;
NIKOLAS FERREIRA CRITICA JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA;
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