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“Borgen” acompanha os altos e baixos da carreira política de Birgitte Nyborg
“Borgen” acompanha os altos e baixos da carreira política de Birgitte Nyborg| Foto: Netflix/Divulgação

Um político de grande renome chega ao poder, cai em desgraça e consegue retomar sua carreira de alguma forma, voltando ao lugar onde estava ou em outra posição de prestígio na democracia. Esse resumo pode servir para a trajetória de muitos nomes da história brasileira, como Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, mas é também um bom jeito de sintetizar o enredo da série Borgen: o Reino, o Poder e a Glória, um achado no vasto catálogo da Netflix.

A produção dinamarquesa, lançada no ano passado, é uma continuação de Borgen, outra série concluída há dez anos. Em ambas, a personagem principal é Birgitte Nyborg, uma política de centro que é eleita ao cargo de Primeira-Ministra da Dinamarca e busca reformar o Parlamento daquele país.

Mesmo que o sistema democrático – uma monarquia constitucional – seja muito diferente do utilizado por aqui, estão presentes nas duas séries muitas das dores de cabeça vividas em terras tupiniquins: o jogo político que valoriza interesses próprios acima da população, o impacto da imprensa no Legislativo e, claro, a corrupção. Por conta desses problemas, o espectador é entretido com diferentes tramoias e reviravoltas ao longo das quatro temporadas das duas “partes”. Também acompanha um drama de alta qualidade, baseado nos desafios pessoais da Primeira-Ministra, uma mulher que tenta conciliar a carreira política com a família e seus problemas de saúde.

Rebaixamento e menopausa 

Em O Reino, o Poder e a Glória, Birgitte volta ao centro das telas com menos poder, agora atuando como Ministra das Relações Exteriores. A trama, mesmo que dê o salto de tempo entre as duas partes da história, já se inicia com as correrias da ex-Premier no novo cargo, mostrando sua reação quando é encontrado petróleo na Groenlândia, região que faz parte do Reinado da Dinamarca.

Os personagens da antiga série, como Katrine, surgem em contextos já estabelecidos e não são apresentados formalmente a quem possa ser um novo espectador, indicando que assistir às temporadas transmitidas entre 2010 e 2013 é algo necessário para entender as nuances da trama. Birgitte está passando pela menopausa e tendo de lidar com seu “rebaixamento”, o que ressalta como funciona o ego de alguns políticos. Isso também ajuda a fomentar a questão que é base das duas séries: o poder corrompe?

Ao longo da mais recente temporada, vemos a ministra trair o seu eleitorado ambientalista e apoiar a exploração do petróleo. Esse e outros acontecimentos, característicos das complexidades políticas de muitos sistemas democráticos, fazem com que o povo se revolte e exija sua renúncia. “O jogo certamente mudou, e a nova temporada tenta refletir isso”, afirmou recentemente Adam Price, o criador e roteirista de Borgen, sobre a decisão de voltar com a produção. “Tornou-se mais rápido e sujo – os políticos tiveram de mudar seus modos, e isso os mudou também.”

Seriados como House of Cards, A Diplomata e Veep podem ter tido mais espaço nas plataformas de streaming e premiações ao longo dos anos, mas a abordagem de Borgen: o Reino, o Poder e a Glória é mais realista, acompanhando os diversos contrastes e dilemas vividos por qualquer pessoa que decide se jogar de corpo e alma na política.

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