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Diga a verdade: quantas vezes você já se pegou zapeando o catálogo da Netflix e pensando “nossa, não tem nada que presta. Vou cancelar a assinatura!”. Realmente, o serviço muitas vezes deixa a desejar quando pensamos em lançamentos, filmes antigos ou até de algum gênero em específico. Mas há também várias joias perdidas.
Com isso em mente, fizemos uma seleção voltada para o suspense que certamente vai contemplar quem é fã do estilo e está cansado de buscar opções boas em vão no streaming. São produções deste milênio que não deixam nada a desejar quando comparadas aos maiores clássicos do suspense.
Nas próximas semanas, vamos trazer novos apanhados de filmes. Serão listas com outros temas e abordando catálogos dos demais serviços populares de streaming. Sugestões no campo dos comentários são bem-vindas.
O Acusado (Philip Barantini, 2023)
Antes de estourar com a série Adolescência e ver seu filme O Chef virar uma série de sucesso no Reino Unido, Philip Barantini já tinha dirigido um suspense formidável e que está escondido no catálogo da Netflix. O Acusado acompanha o jovem de família imigrante Harri, que pega um trem para visitar seus pais em outra cidade. Na mesma tarde, a estação onde ele embarcou sofre um ataque terrorista. Uma onda na internet começa a apontar Harri como o responsável pelo crime, o que suscita um desejo de justiça com as próprias mãos na população (com graves elementos de xenofobia). Trancafiado na casa dos pais, o rapaz vê seu mundo ruir online e precisa lidar com a violência chegando cada vez mais perto. O espectador fica angustiado com o assassinato de reputação e torcendo para Harri escapar vivo.
O Assassino (David Fincher, 2023)
Foi muito repetida a ladainha de que O Assassino é um filme menor de David Fincher quando o mesmo chegou à Netflix. Ou que o diretor de Se7en – Os Sete Crimes Capitais já viveu dias melhores. Nada disso. O perfil psicológico do assassino de aluguel vivido pelo monstruoso Michael Fassbender está entre as melhores produções do gênero. Quem embarca no suspense tem a possibilidade de entrar na mente de um atirador que pretende ser perfeito, mas vacila como qualquer cidadão comum. E a mente do vilão ainda é embalada por onze músicas da banda de rock oitentista The Smiths, o que aumenta peculiaridade desse irônico thriller. A atriz brasileira Sophie Charlotte faz uma ponta como a namorada do atirador.
Sangue no Gelo (Scott Walker, 2013)
Apesar de convencional, essa história de serial killer cativa por ser inspirada em algo que realmente aconteceu no Alasca. Sangue no Gelo recria a perseguição a Robert Hansen, também conhecido com o padeiro açougueiro, que vitimou diversas mulheres no gélido estado americano. Curiosamente, o assassino é vivido por John Cusack, enquanto o detetive que é seu algoz fica a cargo de Nicolas Cage – o mais natural seria Cage ficar com o papel maquiavélico e Cusack fazer o policial. A chave para o investigador grampear o criminoso é Cindy Paulson (Vanessa Hudgens), uma jovem de 17 anos capturada por Hansen, mas que consegue fugir de suas garras.
Abutres (Pablo Trapero, 2010)
Nesse filme do argentino Pablo Trapero (O Clã, Elefante Branco) Ricardo Darín faz Sosa, um advogado corrupto que vive de abordar pessoas que sofreram acidentes de trânsito para acionar as companhias de seguro e ficar com boa parte do valor arrecadado. Quando surge a médica socorrista Luján num desses acidentes, sua vida começa a mudar. O amor faz com que Sosa almeje uma atividade menos caótica. Mas, enquanto isso, Abutres entrega cenas fortes de atropelamentos, pernas sendo quebradas e muito sangue escorrendo, o que restringe o filme para quem tem estômago e aguenta levar socos nele. A cena final costuma deixar quem a assiste atordoado.
A Promessa (Sean Penn, 2001)
Jack Nicholson encabeça um elenco que talvez só mesmo o diretor e ator Sean Penn teria a moral de reunir: Benicio Del Toro, Helen Mirren, Robin Wright Penn, Aaron Eckhart, Vanessa Redgrave, Mickey Rourke... A história está no nível do time em cena. Nicholson faz um tira entediado e melancólico que, horas antes de se aposentar, pede para entrar no caso do assassinato brutal de uma menina e fica obcecado por ele. A Promessa é tanto um filme policial quanto um drama sobre o declínio psicológico de um homem de grande reputação na comunidade. Ele tem tanta certeza de que o culpado pelo crime não é o apontado pela investigação que o espectador embarca em sua tese. Afinal, alguém tão experiente não poderia estar enganado. Ou poderia?
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