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| Foto: Alexandre MacieiraRiotur

O comandante-geral dos bombeiros do Rio, Roberto Robadey, disse que o combate ao incêndio do Museu Nacional foi prejudicado por falta de água nos hidrantes próximos ao edifício. Os bombeiros tiveram que apelar a caminhões-pipa e até para a água do lago na Quinta da Boa Vista, onde fica o museu. A área do museu tem dois hidrantes. 

Em nota, a Cedae afirmou que não houve falta d’água “em momento algum no local”.

"Tivemos dificuldade com a água porque os hidrantes estavam sem carga", afirmou ele. Os bombeiros acionaram a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto), mas o problema não foi resolvido. A Cedae enviou caminhões-pipa e uma bomba foi instalada para retirar água do lago. 

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O comandante disse ainda que o tipo de construção e acervo contribuíram para a proporção do incêndio. 

"É um prédio antigo com grande carga de incêndio: muita madeira e o próprio acervo, que tem inclusive peças guardadas em álcool", comentou. 

Quatro horas após o início do incêndio, ainda havia focos no interior do edifício, mas Robadey disse que estava satisfeito com o andamento dos trabalhos. 

"Vamos trabalhar para terminar o mais rápido possível", disse. Os bombeiros conseguiram salvar peças antes de o fogo atingir algumas alas do edifício. 

O palacete onde está instalado o museu não tem equipamentos de combate a incêndio previstos por lei. "É uma construção anterior à legislação e precisava se adequar", disse o comandante dos bombeiros. 

Segundo ele, a administração esteve reunida com a corporação recentemente para apresentar um plano de adequação. 

"Estamos transtornados. Eu costumava vir aqui com o meu pai e trouxe meu filho uma vez. É uma perda irreparável", disse ele.

Sem risco de desabamento

Robadey disse que as primeiras análises indicam que não há risco de desabamento do edifício. "É um edifício muito antigo, com paredes grossas. Os engenheiros analisaram e não veem risco por enquanto", afirmou. Ele disse ainda que algumas paredes internas desabaram.

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Segundo Robadey, o prédio não tinha um sistema adequado de proteção contra incêndios. A legislação que exige esse tipo de estrutura é de 1976, quando o prédio já tinha mais de cem anos. Conforme o comandante dos bombeiros, há cerca de um mês representantes do museu procuraram os bombeiros para tratar da instalação de um sistema de proteção contra incêndios.

Funcionários do museu e bombeiros conseguiram salvar uma parte do acervo, retirado antes de ser atingida pelo fogo. Uma das partes salvas foi a coleção de tipos de malacologia (ramo da zoologia que estuda os moluscos). O comandante disse que outras partes também foram preservadas, mas às 23h45 o incêndio ainda não estava controlado e não era possível fazer uma avaliação definitiva.

Nota da Cedae

A Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) afirmou que havia água nos dois hidrantes próximos ao Museu Nacional. Em nota, a Cedae explica que o problema foi a dimensão do incêndio, mas que foram disponibilizados outros hidrantes na localidade da Quinta que abasteceram os carros-pipa que atuaram no local. 

"Não houve falta d'água em momento algum no local", informou a Cedae, destacando que a disponibilização de carros-pipa é um procedimento normal quando o incêndio é de grandes proporções, como no caso do Museu. "(Nesses casos a) equipe se apresenta no local para verificar a necessidade de apoio aos bombeiros, seja no envio de carro-pipa ou abastecimento de hidrante. No caso deste incêndio, a Cedae disponibilizou carros-pipa que estão à disposição para uso dos bombeiros, mesmo com a região estando plenamente abastecida", afirmou, em nota. 

A Cedae não soube informar, no entanto, quem faz a manutenção dos hidrantes, mas garantiu que estavam funcionando, segundo informação dos bombeiros. 

Pelo telefone a assessoria da empresa explicou que, apesar de não haver nenhum problema nos hidrantes próximos ao museu, pelo volume do incêndio, era necessário mais pressão na água e velocidade, o que foi contornado com a cessão de outros hidrantes na área, "mais 4 ou 6", segundo a assessoria, e a cessão de carros-pipa, que infelizmente não conseguiram evitar a perda de um patrimônio irrecuperável.

*Atualizada às 14:05 para inclusão da nota da Cedae

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