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Clássicos de 1985

“O Fio da Suspeita” uniu Glenn Close e Jeff Bridges em thriller de primeira

Glenn Close faz advogada que é contratada por um ricaço (Jeff Bridges) para defendê-lo
Glenn Close faz uma famosa advogada que é contratada por um ricaço (Jeff Bridges) para defendê-lo (Foto: Divulgação Amazon)

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O Fio da Suspeita está completando 40 anos. O filme é um símbolo de um estilo cinematográfico muito em voga nos anos 1980 e 1990, mas que anda sumido das telas: o “thriller erótico”. Quem pode esquecer sucessos como Corpos Ardentes (1980), Dublê de Corpo (1984), Nove Semanas e Meia de Amor (1986), Atração Fatal (1987) ou Instinto Selvagem (1992), que uniam erotismo e tramas misteriosas – grande parte delas criminais?

O Fio da Suspeita foi dirigido por Richard Marquand (O Retorno do Jedi) e escrito por um dos roteiristas mais famosos e influentes dos anos 1980, Joe Eszterhas. No filme, Glenn Close faz uma famosa advogada que é contratada por um ricaço (Jeff Bridges) para defendê-lo da acusação de ter assassinado a esposa, uma rica socialite, e a empregada da casa. Claro que a advogada e o bonitão não demoram para se envolver amorosamente, o que só complica as coisas. O julgamento revela detalhes picantes sobre todos os envolvidos. É um filme-pipoca de primeira, cheio de reviravoltas na trama e cenas de suspense.

Dois anos antes de O Fio da Suspeita, Joe Eszterhas havia se tornado a nova coqueluche dos roteiristas de Hollywood por ter escrito o megassucesso Flashdance – Em Ritmo de Embalo, filme que reunia dança e erotismo, com uma performance memorável da linda e sensual Jennifer Beals. O filme, produzido com um orçamento ridículo de 7 milhões de dólares, fez mais de 200 milhões de dólares de bilheteria em todo o mundo e ficou entre as cinco maiores bilheterias do ano nos Estados Unidos.

Ascensão e queda

Isso inflacionou o valor de mercado de Eszterhas, até então mais conhecido como jornalista da revista musical Rolling Stone. Ele começou a receber mais ofertas de trabalho e seu cachê subiu muito. Depois de O Fio da Suspeita, o roteirista recebeu 1,25 milhão de dólares para escrever a comédia Os Maiorais (Big Shots), um valor astronômico na época. E, em 1992, quando escreveu o megassucesso Instinto Fatal, Estzerhas embolsou 3 milhões de dólares e tornou-se o roteirista mais bem pago daquela época.

Instinto Fatal, com sua atmosfera noir e suas icônicas cenas eróticas de Sharon Stone, foi um sucesso tão avassalador que Eszterhas passou os anos seguintes tentando replicá-lo, mas sem sucesso. Ele escreveu Invasão de Privacidade (1993), Showgirls (1995) e Jade (1995), três filmes de forte apelo sensual e bilheterias abaixo do esperado. Os seguidos fracassos praticamente acabaram com a carreira de Estzerhas, mas foi o fiasco absoluto de Hollywood – Muito Além das Câmeras (1997) que realmente aniquilou o prestígio do roteirista (o filme era tão ruim que o diretor, Arthur Hiller, exigiu que seu nome fosse retirado dos créditos).

O thriller com Glenn Close e Jeff Bridges marcou o auge do roteirista Joe EszterhasO filme com Glenn Close e Jeff Bridges marcou o auge do roteirista Joe Eszterhas (Foto: Divulgação Amazon)

Joe Eszterhas tem uma história de vida verdadeiramente cinematográfica: filho de húngaros, nasceu em 1944 e viveu com os pais num campo de refugiados na Áustria até emigrarem para os Estados Unidos, em 1950. No fim dos anos 1980, escreveu Muito Mais que um Crime, filme dirigido em 1989 pelo grego Costa-Gavras sobre uma advogada de origem húngara (Jessica Lange) que defende o pai (Armin Mueller-Stahl), acusado de ter sido criminoso de guerra durante a Segunda Guerra Mundial.

Por uma coincidência verdadeiramente “de cinema”, Eszterhas depois descobriu que o próprio pai, István, havia sido colaborador nazista e publicado literatura antissemita. Joe nunca mais falou com István até a morte deste, em 2001.

  • O Fio da Suspeita
  • 1985
  • 104 minutos
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Disponível para locação e compra na Amazon

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