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“Na Mira do Juri” junta pessoa real com atores em um tribunal falso
“Na Mira do Juri” junta pessoa real com atores em um tribunal falso| Foto: Prime Video/Divulgação

Imagine uma corte composta por juízes pedindo recessos sempre que possível, defesas esdrúxulas e jurados sem experiência para pensar seriamente sobre uma causa. Esse cenário lembra o que, infelizmente, acontece no sistema jurídico de muitos países. Mas é apenas uma descrição sucinta do que o espectador encontrará no seriado Na Mira do Júri, produção que chegou ao Prime Video no final de setembro.

A comédia, que já foi indicada a quatro prêmios Emmy, coloca uma pessoa real como jurada em um julgamento falso. Ou seja, esse infeliz acredita na veracidade do processo que participa, mas está rodeado de atores preparados a agir da maneira mais absurda e desastrada possível.

Essa ideia de colocar um desavisado em cenário artificial não é inédita para quem se lembra de um programa de pegadinhas como Punk’d, transmitido pela MTV, que colocava celebridades em situações inusitadas com batidas policiais e até explosões em casamentos. Isso sem falar nas pegadinhas com Ivo Holanda no Topa Tudo por Dinheiro de Silvio Santos, que por vezes envolviam artistas famosos. Antes disso, a TV americana já dava aula sobre o tema. Mas a nova produção se diferencia pela sua qualidade na execução, em alguns momentos até lembrando a série The Office, que também brinca com o estilo documental.

Queda como um patinho  

O escolhido para ser a “vítima” foi Ronald Gladden, um homem de 30 anos que está animado para participar da ocasião. Ele confia cegamente que aquela é sua primeira convocação para contribuir como jurado em um caso importante. Para ele participar e dar seus depoimentos à câmera, a produção de Na Mira do Júri criou toda uma história de que conseguiu uma autorização sem precedentes para transmitir o processo de decisão de um júri. Gladden caiu no papo atraído por um anúncio na plataforma online Craigslist.

Apesar de ser uma piada maldosa, uma das principais diretrizes de Lee Eisenberg, criador do seriado, é que as sequências de humor nunca fossem às custas de algum embaraço de Gladden. “Tivemos muito receio o momento de revelar a piada. Todos acabaram gostando muito do cara, então a última coisa que queríamos era que ele reagisse mal”, explicou o showrunner em uma entrevista recente à revista Vulture.

Para conseguir tirar risadas do espectador sem prejudicar a imagem do jurado inocente, as câmeras do programa apenas capturam suas reações sinceras. Um bom exemplo é quando ele vê um dos atores se dizer racista para tentar escapar da obrigação de acompanhar todo o caso no tribunal.

Um bom coração  

As piadas ficam ainda mais exitosas com a falta de receio do programa em criar personagens estereotipados. Há a típica americana que masca chiclete e não liga para nada, uma militante propositalmente chata e um jovem tímido, preocupado em perder a “primeira noite” com a namorada por causa da convocação para a corte, apenas para citar alguns exemplos.

O ator James Marsden faz uma participação como ele próprio, mas em versão egocêntrica, sempre lembrando a todos de seus papéis em filmes medianos como Sonic: O Filme, X-Men Diário de uma Paixão.

No final, após oito episódios, o saldo acaba sendo positivo para Gladden, deixando-o longe de ser a última risada. Indicado ao cargo de presidente do júri, uma forma de colocá-lo ainda mais ao centro da história, o avanço de seu papel em Na Mira do Júri revela que ele é uma pessoa de bom coração, realmente interessada no melhor e mais justo para todos os envolvidos. Para o espectador, é uma experiência que, além de muito engraçada, mostra a importância de ser afável em momentos decisivos.

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