A atriz Regina Duarte: apoio a Bolsonaro| Foto: Alexandre Mazzo/ Arquivo Gazeta do Povo

A atriz Regina Duarte, 72, disse que hoje é chamada de fascista por apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ela fez uma comparação sobre a sua situação atual com 2002, quando em uma peça da campanha eleitoral presidencial daquele ano, provocou polêmica ao dizer que tinha medo de uma eventual ascensão do PT ao poder.

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"Em 2002 fui chamada da terrorista e hoje sou chamada de fascista, olha que intolerância?". A declaração foi dada em entrevista ao programa Conversa com Bial, que vai ao ar na madrugada desta quinta-feira (30), na Globo

Ao apresentador Pedro Bial, Regina também falou sobre os 40 anos da série "Malu Mulher", criada e dirigida por Daniel Filho, 81. O seriado da Globo, que foi ao ar de 1979 a 1980, marcou a televisão brasileira por abordar temas do universo feminino até então considerados tabus, como separação, sexo, orgasmo, violência doméstica, menstruação, aborto, virgindade, entre outros.

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A atriz fazia o papel de Malu, uma socióloga de ideias liberais, que se separava do marido no primeiro capítulo. "Os desquites tinham triplicado em 1977. Isso chamou a atenção de Boni [o diretor José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então considerado o todo poderoso da Globo] e Daniel [Filho]: existia uma nova mulher na sociedade e era necessário falar dela", disse a atriz no programa.

A atriz relembrou também algumas das reações machistas de parte do público: "Diziam que eu estava subvertendo a família brasileira".

Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, Daniel Filho, 81, contou que fez questão que Regina, até então conhecida pelo rótulo de "namorada do Brasil", fizesse o papel principal.

"A escolha de Regina Duarte era muito importante para mim. Como ela era tão querida como a menina, a namoradinha da novela das oito, eu queria colocá-la como uma desquitada, tomando porrada do marido. Isso ia tocar direito nas pessoas. Briguei bastante para que ela fizesse o papel", revelou.

Em meio à polarização das eleições presidenciais de 2018, a atriz declarou voto ao então candidato Jair Bolsonaro (PSL) e afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que o político era "um cara doce, um homem dos anos 50, um jeito masculino, machão". Em resposta, o crítico de TV Nilson Xavier fez uma provocação em seu blog no UOL: "Malu Mulher votaria em Bolsonaro?"

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Questionado pela Folha de S.Paulo, Filho foi categórico: "É claro que não. Malu Mulher não votaria em Bolsonaro".

Crítico ao atual governo, que "acha péssimo", o diretor, que na época de Malu Mullher era casado com Regina Duarte, diz que não consegue entender a mudança de viés político da atriz. "Regina e eu fomos juntos para Cuba, e fomos recebidos pelo próprio Fidel Castro […]", relatou, aos risos.

"Simplesmente não entendo. Compreendo que não tem por que as pessoas serem firmes para sempre, mas não entendo essa mudança dela para a direita, assim dessa forma. Ela era de esquerda mesmo, eu continuo [sendo de esquerda]", afirmou.

Além de Bolsonaro, Regina apoiou Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e José Serra.

Daniel Filho lembrou que, para a criação de "Malu Mulher", ele reuniu um grupo de autores, roteiristas e produtores em encontros em sua casa. Regina também participou e levou a amiga, a ex-primeira dama Ruth Cardoso (1930-2008), que era socióloga. "A Ruth participou de dois encontros e foi ela quem deu a profissão da personagem Malu: socióloga."

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Procurada para falar sobre a série, Regina Duarte não atendeu aos pedidos da reportagem.