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 | Lineu Filho/Tribuna do Paraná
| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

As duas mortes em um engavetamento na BR-277 envolvendo uma carreta e outros seis veículos na noite da última quarta-feira (20) não foram casos isolados. Somente neste ano, o trecho da rodovia entre Curitiba e Ponta Grossa já registrou 30 mortes em acidentes — número significativamente maior do que o obtido em todo o ano passado, quando 13 pessoas perderam a vida no trânsito.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o trecho das BRs 277 e 376, que liga a capital aos Campos Gerais, no interior do Estado, teve 286 acidentes registrados somente em 2017, com 225 feridos. Em 2016 inteiro, foram 471 acidentes, com 13 mortes e 304 feridos. Para a PRF, muitas dessas ocorrências são originadas por imprudência de caminhoneiros.

Além do engavetamento da última quarta-feira, o mesmo trecho registrou outros acidentes com vítimas. Em maio, outro engavetamento deixou seis motos e três pessoas na altura do quilômetro 125, em Balsa Nova, quando um caminhão teria ficado sem freios e colidido com outros veículos. Já em junho, outro caminhão perdeu o controle e bateu contra carros que seguiam na rodovia no km 136 da estrada. Quatro pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas.

Sinalização

A região do km 101, onde foi registrado o acidente desta semana, está em obras desde março deste ano, mas a reforma só acontece na parte da noite. Em depoimento à polícia, o motorista do caminhão que causou o acidente alegou falta de sinalização e, por oferecer socorro, foi liberado em seguida.

De acordo com o delegado Vinicius Augustus de Carvalho, da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), não houve prisão em flagrante, já que ele ficou no local. “Ele alega que tentou frear quando viu o trecho de obras, mas não conseguiu. Agora uma perícia será feita para apurar as causas reais. Nossa equipe foi até o local para conversar com moradores. Depois disso, vamos saber se ele responde por homicídio doloso ou culposo. Até a concessionária pode ser envolvida nesse fato”, informou.

Alguns moradores da região também relataram sobre a falta de sinalização e imprudência dos motoristas. De acordo com a concessionária CCR Rodonorte, responsável pelo trecho, a sinalização estava feita de forma correta. “Todos os procedimentos de operação do tráfego e sinalização, em todas as rodovias cuidadas pela CCR RodoNorte, estão de acordo com o Código Nacional de Trânsito e com o que preconiza o contrato de concessão”, enfatizou a concessionária, em nota.

Regras

Segundo a PRF e a Dedetran, não existe uma regra em relação à sinalização de obras em rodovias, mas há uma normativa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que pede que a sinalização seja clara e bastante visível. Com o explica o chefe da Divisão Metropolitana, Antônio Figueiredo, a PRF pediu recentemente que haja auxílio de um luminoso nas obras em trechos de serras e em outros pontos de risco. Na região do acidente, segundo o inspetor, havia esse recurso e a sinalização estava correta. “A perícia agora deve ser feita e, aí sim, podemos ter um resultado”, explicou.

De acordo com Jorge Tiago Bastos, professor do departamento de trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), há um manual brasileiro de sinalização que orienta em relação a obras, incluindo a posição de placas, cones e luminosos.

Além disso, Bastos diz que não há um manual especifico para o tema no site do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). “Veículos leves e, principalmente, os pesados devem ter manutenção preventiva. Você pode evitar um risco para você e para outras pessoas que estão na via. Um caminhão com más condições apresenta risco para todos, por conta da massa e velocidade”, comentou.

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