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4 meses depois, prefeitura ainda não tem resposta para infecção que causou morte

Mulher de 62 anos foi infectada com outros três pacientes ao tomar vacina da gripe há quase dois meses na unidade Medianeira

Unidade de Saúde Medianeira, no Boa Vista, chegou a fechar após infecção de quatro pacientes idosos. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Unidade de Saúde Medianeira, no Boa Vista, chegou a fechar após infecção de quatro pacientes idosos. (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Após quatro meses, a prefeitura de Curitiba ainda investiga as causas da infecção bacteriana que levou à morte uma mulher de 62 anos no último sábado (19). A paciente estava internada desde 27 de abril, quando recebeu a dose da vacina contra a gripe na Unidade de Saúde Medianeira, no bairro Boa Vista. O posto chegou a ser interditado uma semana depois, mas já reabriu. Além da paciente que morreu, outros três idosos contraíram infecção na mesma unidade de saúde, mas já receberam alta. O óbito ocorreu após meses de internamento e má evolução do quadro clínico, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

De acordo com a prefeitura, a sindicância já foi concluída, indicando erro no processo de aplicação da vacina, mas um inquérito está em curso na Procuradoria Geral do Município (PGM). A unidade do bairro Boa Vista chegou a ser fechada por quase três meses e só reabriu no dia 27 de julho, após readequação estrutural e de capacitação da equipe que atende o bairro.

A Secretaria Municipal de Saúde chegou a anunciar que a verificação deveria terminar ainda em maio, três semanas após o internamento da mulher e dos outros três idosos, mas a PGM pediu ampliação no prazo para apurar as causas. Cerca de 500 mil pessoas já foram vacinadas em Curitiba e quatro morreram em decorrência da gripe.

Higiene

A vereadora Noemia Rocha (PMDB), da bancada da oposição na Câmara, espera que o inquérito apresente uma prova definitiva ainda nesta semana. Nesta segunda-feira (21), ela mandou para a prefeitura de Curitiba um terceiro pedido de informação sobre o caso – os outros dois ainda não foram respondidos. A administração municipal afirma que não estabeleceu uma data para a conclusão dos trabalhos para não atropelar as investigações.

Na manhã desta segunda (21), a vereadora disse na tribuna do legislativo que a causa da infecção da mulher pode ter sido a falta de higiene pessoal de uma servidora do posto de saúde. “Foram descartadas como causas a vacina e o local, ou seja, a unidade de saúde. A única conclusão, que ainda não é oficial, é que a infecção possa ter vindo das mãos da servidora. Ela se defendeu durante o processo dizendo que em decorrência do excesso das vacinas não teve tempo nem de lavar as mãos. É o que recebi de informação”, afirma a vereadora.

Outra servidora, de outra unidade de saúde, fez uma declaração formal à Noemia Rocha (PMDB) nos mesmos termos durante a sindicância, alertando que essa é uma prática recorrente. Ela pediu anonimato.

De acordo com a vereadora, o excesso de trabalho e a falta de servidores são reclamações constantes nos postos de saúde. “É comum a afirmação da falta de tempo. É um fator a se observar. Falta também ventilação na unidade, os servidores têm apenas um banheiro para usar. É totalmente inadequado”, afirma.

De acordo com o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Alcides Augusto de Oliveira, já há conclusão de erro no processo. “Estamos ouvindo a defesa dos envolvidos. Após o fechamento do inquérito, pode haver penalidade ou não, depende do que for constatado. E também será definida qual é a penalidade para esse caso. Estamos apurando todos os fatos”, destaca.

A prefeitura de Curitiba afirma que a unidade trabalha com bases em critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, sob plenas condições, e sem sobrecarga. “Na campanha de vacinação são destinados servidores treinados, remanejados. Naquele dia, 155 doses foram aplicadas por quatro servidores. Discordamos do que está sendo falado [pela vereadora]. Sempre recomendamos boas práticas com higienização”, afirma o diretor.

A campanha de saúde ainda está aberta nas 110 unidades de saúde da capital. “Protege contra a doença, evita o internamento, por isso recomendamos que as pessoas que ainda não tomaram, que tomem a vacina. É fundamental”, conclui Oliveira.

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