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Bota sem sola doada para a Campanha do Agasalho: sem a menor condição de uso.
Bota sem sola doada para a Campanha do Agasalho: sem a menor condição de uso.| Foto: Fundação de Ação Social / divulgação

Do total de 235 mil peças de roupa arrecadas em Curitiba pela Campanha do Agasalho no inverno deste ano, 30% não poderão ser encaminhadas às pessoas carentes por estarem em péssimas condições. Entre os absurdos das doações feitas à Fundação de Ação Social (FAS) da prefeitura estão sapatos sem sola, além de roupas rasgadas e imundas - em uma das peças havia um rato morto enrolado.

São 71 mil peças que não serão encaminhadas às pessoas carentes. No meio das roupas impróprias, os agentes da FAS ainda encontraram restos de comida, pilhas e remédios e cosméticos vencidos.

Numa tentativa de conscientizar a doação somente de peças em bom estado, a prefeitura para o inverno deste ano a campanha Doe a Boa. “A gente gostaria que essa doação fosse consciente, mas infelizmente ainda encontramos muito lixo junto com as doações”, lamenta a assessora de relações institucionais da FAS, Luciane Diehls.

Roupas sujas, restos de cosméticos, pilhas velhas e até cartões de natal estão entre as doações recebidas pela FAS. Foto: Eloá Cruz / Gazeta do Povo.
Roupas sujas, restos de cosméticos, pilhas velhas e até cartões de natal estão entre as doações recebidas pela FAS. Foto: Eloá Cruz / Gazeta do Povo.

As funcionárias responsáveis pela triagem das doações de roupas chegam a ter de usar luvas e máscaras na manipulação das peças no galpão da FAS na Cidade Industrial. E o cuidado não é desproporcional. Até mortadela podre e um rato enrolado já foram encontrados no meio das roupas.

A coordenadora do Disque Solidariedade, Silvia Toaldo, explica que não há como ter controle do tipo de doação que a FAS recebe, até porque são aproximadamente 40 postos de coleta em Curitiba – entre Ruas da Cidadania, Correios e supermercados. “Claro que há exceções, pessoas que limpam, passam e dobram as roupas, brinquedos que chegam até com papel de presente. Mas o que a gente queria é que as pessoas pelo menos deixassem de encaminhar coisas que seriam descartadas”, enfatiza.

71 mil peças de roupas recebidas pela FAS não serão aproveitadas. <br />Foto: Eloá Cruz / Gazeta do Povo
71 mil peças de roupas recebidas pela FAS não serão aproveitadas.
Foto: Eloá Cruz / Gazeta do Povo

Como a FAS não pode fazer o descarte dessas roupas e sapatos que não podem ser encaminhados às pessoas carentes, todo material não aproveitado é repassado para duas cooperativas de catadores de recicláveis vinculadas ao Projeto Eco Cidadão, da Secretaria de Meio Ambiente. As roupas impróprias se transformam em estopa e viram matéria-prima para tapetes de cães e gatos.

Famílias carentes

As famílias carentes que precisam de roupas têm de entrar em contato com um dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) – são 45 deles espalhados pela cidade. Lá, a preenche uma ficha com informações sobre tamanho e tipo de roupas – masculino, feminino e infantil. No inverno deste ano, 1.220 famílias foram atendidas.

Desde a solicitação no CRAS até a chegada das peças na casa da família, todo o processo demora aproximadamente uma semana. Os pedidos são diversos: calças de moletom, blusas de frio, roupa de cama, travesseiros, cobertas e toalhas de banho.

“Sempre nos pedem agasalhos masculinos, mas é justamente esse tipo de roupa que menos recebemos doações”, disse a coordenadora do Disque Solidariedade. As roupas de cama, assim como travesseiros e toalhas de banho também estão entre os pedidos recorrentes e aparecem com menos frequência no galpão de doações da FAS.

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