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Imagem ilustrativa | Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo
Imagem ilustrativa| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo

Desde o início do ano, destinatários de encomendas internacionais vêm sofrendo com atrasos nas entregas dos Correios. Em Curitiba, a maioria fez compras em sites do exterior, principalmente da China, e os produtos têm demorado mais de 90 dias para chegar até o endereço de destino. São cartas, roupas, eletrônicos e assessórios para celulares que chegam no Brasil e empacam no Centro de Tratamento do Correio Internacional (CTCI), em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde são feitos os trâmites da Receita Federal (RF) de todos os pacotes de até dois quilos que entram pela alfandega brasileira.

A principal reclamação é de que, após serem liberadas pela fiscalização da RF, as encomendas continuam sem se movimentar, mesmo com o sistema de rastreio indicando que o prazo médio de entrega é de 40 dias úteis. O engenheiro mecânico Vinícius Caron de Carvalho, 41 anos, morador de Curitiba, afirma que esse tempo de referência já não pode ser levado em consideração.

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“Já são mais de 90 dias esperando os adesivos que comprei para o meu filho, no site Ali Express, no fim do ano passado. Eu sei que a compra chegou no Brasil em janeiro, só que não tenho mais nenhuma informação sobre ela. Até reclamei, mas os Correios dizem que tem que esperar e que o prazo médio está valendo. Não é o que acontece na prática. É um absurdo que uma compra tão simples demore tanto”, reclama.

Com a publicitária e produtora Camile Mattar Assad, 34 anos, também de Curitiba, a bronca com os Correios é por causa dos biquínis que não chegaram a tempo para o verão, mesmo com a compra realizada no início de novembro. “Fiquei horas pesquisando os modelos no eBay, até comprar oito itens, entre biquínis, blusinhas e langeries. Até agora, só duas peças chegaram. Como estamos em maio, já desisti de esperar e tive que complementar a compra por aqui mesmo”, conta.

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Segundo os Correios, os atrasos ocorridos na entrega de encomendas internacionais se deram devido ao aumento de quase 200% no volume de objetos no fim do ano passado, que passou de 100 mil para 300 mil por dia. Embora tenha havido planejamento para as operações da Black Friday e fim de ano, o volume de objetos foi muito superior ao previsto, o que causou problemas na operação.

Desembaraço de encomendas

A CTCI de Curitiba recebe encomendas de até dois quilos. As compras chegam ao Brasil pelo Aeroporto de Guarulhos, vêm até Curitiba, passam pelo desembaraço na RF e algumas ainda voltam para Guarulhos, para serem encaminhadas aos centros de distribuição regionais dos Correios. Esse vai e vem gera mais atrasos, já contando com o tempo de fiscalização na Receita.

“Desde que houve a centralização dessas pequenas encomendas em Curitiba, todas passam pelo raio-x da Receita Federal, mas o tempo que elas ficam conosco é mínimo. Em média, o nosso prazo de liberação é de 48 horas”, explica Cláudia Regina Thomaz, delegada da Alfandega da Receita Federal em Curitiba. “Finalizada a fiscalização, a posse das encomendas volta para os Correios”, afirma a delegada.

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O tempo de entrega das encomendas internacionais também sofre interferência de acordo com o serviço ofertado pelos sites de compras internacionais. Os chineses, principalmente, praticam a modalidade de entrega mais em conta, que não permite o rastreio. São as “small packets/unregistered mail”, que não possuem código de identificação, não têm comprovante de entrega, não permitem rastreamento e o prazo para chegar ao destinatário é maior - os já mencionados 40 dias úteis.

A CTCI de Curitiba ainda recebe as modalidades “prime exprès”, com possibilidade de rastreio e prazo de entrega estimado em 12 dias úteis, e a “small packet/registered mail”, com a possibilidade rastreio minimamente maior do que a “small packets/unregistered mail”.

Cliente do eBay com mais de 500 compras internacionais, o analista de sistemas Julio Cesar Gonçalves, 44 anos, conta que mesmo as encomendas com rastreio costumam demorar bem mais do que o prazo estabelecido. “Acontecia de atrasar poucas vezes, mas desde o começo do ano isso piorou. Tenho cartas para receber desde dezembro do ano passado e até agora não chegaram. São notas de dinheiro para colecionador que costumo comprar de pessoas de vários países. São itens relativamente simples, mas que acabam correndo risco de se perder ou danificar com tanta demora”, alerta. De acordo com Gonçalves, as cartas que estão para chegar são todas rastreadas e já completaram 60 dias úteis sem serem entregues. “Inclusive já passaram pela Receita Federal. Se me dissessem onde está, eu mesmo vou buscar”, afirma.

Novo centro de distribuição

Por e-mail, os Correios explicaram que, desde o início deste ano, “a empresa vem trabalhando para colocar a carga em dia, o que já está acontecendo. Os objetos que chegam atualmente aos centros internacionais no Brasil já estão sendo entregues dentro do prazo previsto para cada tipo de serviço contratado”. A empresa também orienta que as compras sem código de rastreio não são recomendadas para importadores que necessitem rastrear essas encomendas em todas as etapas da entrega ou tenham pressa para recebê-las.

Os Correios ainda disseram que para desafogar o CTCI de Curitiba, a empresa está buscando um imóvel próximo ao Aeroporto de Guarulhos, principal entrada de encomendas vindas de outros países. E que, com isso, o processo operacional será otimizado.

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