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“Psicopata e doente”. Essas foram as palavras usadas pelo delegado Amadeu Trevisan, responsável pelo caso Daniel, para descrever a personalidade de Edison Brittes Júnior, assassino confesso do jogador. De acordo com o delegado, que concedeu entrevista durante a entrega do inquérito do crime ao Ministério Público na tarde desta sexta-feira (21), a frieza de Brittes explica a coação das testemunhas e outros participantes do crime.

“Ele mata, ele volta para casa, ele manda limpar a casa e ainda pedem que façam comida, que façam um strogonoff para ele. E ele consegue se alimentar mesmo depois de tudo o que praticou”, narra o delegado. Toda a maneira de Brittes de conduzir suas ações levou, segundo acredita Trevisan, à inércia de todos os outros presentes no momento do crime. De acordo com o delegado, ninguém teria conseguido chamar a polícia por estarem anestesiados e amedrontados depois das cenas vistas. “Essas testemunhas jamais teriam coragem de chamar a polícia, de chamar o Samu”, afirma o policial.

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A capacidade do autor principal do crime de calcular suas ações ficou clara, também, durante os depoimentos prestados à polícia, afirma Trevisan. Segundo o delegado, Brittes não apenas mentiu em depoimento, mas também foi seletivo quanto aos detalhes dos fatos. “Ele lembrou aquilo que era conveniente. Quando não interessa, ele não fala”, afirma o investigador.

Por todo o contexto, o delegado espera que Brittes deve ser mantido preso. Caso contrário, o assassino confesso representaria ameaça às testemunhas e à sociedade. “Ele é um homem perigoso”, reitera.

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A defesa de Brittes Júnior não comentou as afirmações do delegado. Já sobre a conduta do empresário, o advogado Cláudio Dalledone Júnior disse que irá justificá-la em Juízo.

Andamento do processo

Com o inquérito encerrado, a Polícia Civil indicia, nesta quarta, sete pessoas por crimes diversos na noite da morte de Daniel e nos dias subsequentes. Quem efetivamente será denunciado, no entanto, ainda não se sabe, já que a decisão é do Ministério Público do Paraná (MPPR). A perspectiva é de que os vereditos sobre as penas de cada uma das pessoas sejam divulgados até esta sexta-feira (23). Por enquanto, o processo corre em sigilo após pedido do MPPR.

Além disso, os laudos do Instituto de Criminalística que analisam o corpo de Daniel devem ficar prontos nesta quinta-feira (22), trazendo mais detalhes sobre a forma com que o crime aconteceu.

Novos inquéritos também devem surgir nas próximas semanas, devido às suspeitas de envolvimento de Edison Brittes com outras ações criminosas. Entre as evidências iniciais para as novas investigações encontram-se três bens que estavam em posse de Brittes: uma moto de luxo, que está em nome de um traficante preso, um chip de celular, que é de um homem assassinado em 2016, e o carro usado para levar Daniel ao matagal onde foi morto, que era usado por um policial civil afastado por responder a processos de assassinato, extorsão mediante sequestro e organização criminosa.

O caso

O corpo de Daniel Corrêa Freitas foi encontrado em um matagal em São José dos Pinhais no dia 27 de outubro com sinais de tortura: o pescoço estava quase degolado e o pênis decepado. Daniel veio a Curitiba participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Edilson Brittes Jr, no dia 26 de outubro. Após participar da comemoração em uma casa noturna no bairro Batel, o jogador foi para outra festa na casa de Edison, dono de um mercado em São José dos Pinhais.

À polícia, o empresário admitiu ter matado o jogador após tê-lo flagrado tentando estuprar sua esposa - versão questionada pela polícia. O jogador chegou a enviar via Whatsapp a um amigo imagens dele ao lado da esposa de Edison na cama do casal, o que teria levado o empresário a cometer o assassinato. Nas fotos, Cristiana dorme enquanto o jogador faz caretas.

Daniel foi espancado na casa da família e levado para um matagal no porta-malas do carro de Edison. De acordo com o empresário, ele decidiu matar o atleta com uma faca que tinha no carro. Entretanto, Eduardo afirmou em seu depoimento nesta segunda-feira (12) que viu Edison pegar a faca na cozinha da residência.

Antes de ser preso, o empresário chegou a ligar para a família e para amigos de Daniel a fim de prestar solidariedade. Allana também trocou mensagens com uma parente de Daniel afirmando que não houve briga na casa da família e que o jogador foi embora sozinho na noite do assassinato.

Daniel teve passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), teve também passagens por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento de Sorocaba (SP). O corpo do jogador foi enterrado no dia 31 de outubro na cidade de Conselheiro Lafaiete, também em Minas Gerais.

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