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Em outubro de 1928, após uma longa viagem de navio, chegava a Curitiba a polonesa Leocádia Dzienkowski Czerwonka. Sempre ligada às tradições da Polônia, ela manteve um vínculo muito forte com a terra natal, principalmente com a sua língua materna. Oradora fluente em português e em polonês, Leocádia se firmou como uma das lideranças da colônia polaca no bairro Rebouças.

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A educação era uma de suas prioridades na vida. Se formou na Escola Técnica de Comércio e exerceu o cargo de secretária bilíngue em uma grande empresa de madeira. Leocádia estreitou ainda mais sua relação com a educação quando passou a dar aulas de polonês no Clube Juventus. Permaneceu no cargo até pouco mais de 80 anos, enquanto a sede do clube existiu. Neste tempo também fez parte da elaboração de dois dicionários de português/polonês.

Na comunidade de imigrantes, conheceu Edward Czerwonka, com quem se casou e viveu até 1992, quando ficou viúva. O casal teve duas filhas, Cristina e Lúcia. Com mão firme em relação à educação das meninas, exigia sempre o máximo de suas filhas. “Ela gostava de lembrar que depois do 9 existia sempre o 10. Queria sempre nosso melhor”, conta a filha Cristina. A cobrança pelo máximo das filhas surtiu efeito e as duas se tornaram doutoras. O gosto pelos estudos também foi passado para os netos. Cristina lembra que uma das maiores alegrias da mãe era participar das formaturas dos familiares.

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A leitura era uma das formas que dona Leocádia encontrava para manter o polonês em dia. Ela recebia muitas revistas e livros diretamente da Polônia. Tinha preferência pelos romances históricos. Uma de suas últimas leituras, por exemplo, foi 1889, de Laurentino Gomes. Na televisão, os noticiários eram a preferência, mas para se distrair gostava das novelas de época e de filmes históricos. Sempre queria saber o que estava acontecendo em Curitiba e tinha paixão pela história da cidade. “Minha mãe era muito moderna e antenada. Sabia conversar sobre quase todos os assuntos”, conta Cristina.

Leocádia também era muito religiosa. Católica, frequentava a Paróquia Santo Estanislau, no Centro da capital, e também a Igreja do Imaculado Coração de Maria, no bairro Rebouças. Durante a visita do Papa João II a Curitiba, ela e seu marido estiveram no grupo que o recepcionou e cantou para o pontífice no Estádio Couto Pereira.

Era extremamente vaidosa, gostava de ter seu cabelo muito bem penteado e as roupas sempre combinando com os colares. Se ao seu olhar as filhas tivessem desarrumadas, questionava o motivo. Dizia que não importa o que acontecesse, a aparência tinha que estar sempre em ordem. Também cuidava muito do corpo, fazia caminhadas diárias e alguns exercícios. Mesmo com seus 93 anos, ainda era muito ativa.

Mostrava sua vitalidade também nas viagens que fazia. Conheceu diversos países e sempre aliava o turismo com visitas aos familiares e aos conhecidos. Seus principais destinos foram a Polônia e a África do Sul. Conheceu também os Estados Unidos, Portugal e a Alemanha.

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Preocupada com o próximo, o interesse em ajudar surgiu ainda jovem. Gostava de auxiliar na resolução dos problemas. Na comunidade tinha uma certa notoriedade quando se tratava de resultados rápidos. Durante a Segunda Guerra Mundial, Leocádia se voluntariou e atuou como colaboradora no Hospital Cruz Vermelha. Nesse período, tornou-se a tradutora daqueles que precisavam e foi a responsável pela comunicação entre os pacientes e quem tinha ficado na Europa. Ela redigia as cartas para aqueles que não poderiam escrever e encaminhava-as para as famílias. O hábito foi mantido mesmo após o término guerra. Com o passar do tempo, algumas pessoas da comunidade foram deixando de falar polonês.

Durante toda sua vida superou diversas dificuldades de saúde, tornando-se um exemplo de força para toda a família. Mas em 31 de março não resistiu a uma parada cardiorrespiratória. Deixa as filhas Cristina e Lúcia Czerwonka, dois genros, seis netos e nove bisnetos.

Dia 31 de março, aos 93 anos, devido a uma parada cardiorrespiratória, em Curitiba.

Lista de falecimentos - 11/04/2015

Colaborou: Getulio Xavier.

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