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Henriqueta Monteiro Garcez Duarte: dedicação à música em Curitiba
O talento musical de Henriqueta manifestou-se cedo e a acompanhou por toda vida.| Foto: Ivonaldo Alexandre

Nascida em 29 de novembro de 1925 em uma família acostumada a grandes feitos, Henriqueta Monteiro Garcez Duarte também buscou deixar sua marca na história. Era neta do fundador de União da Vitória, onde nasceu, o Coronel Amazonas Marcondes, pai de sua mãe, Olindina Amazonas, e filha do juiz Joaquim Penido Monteiro, que durante a segunda guerra mundial atual como chefe da Defesa Civil de Paranaguá. Ela teve uma vida repleta de conquistas na música e faleceu em 3 de agosto aos 94 anos.

Terceira de quatro filhos, mudou-se várias vezes de cidade ao longo da infância, mas estabeleceu-se na adolescência em Paranaguá. O talento musical manifestou-se cedo, como percebeu a avó materna, Júlia, com quem aprendeu a tocar piano. Na juventude, começou a se destacar como violinista e cantora.

Em 1945, teve a oportunidade de fazer uma audição com Magdalena Tagliaferro, uma famosa pianista e professora franco-brasileira do Rio de Janeiro. Henriqueta fez o teste e foi aceita como aluna daquela que sempre considerou a sua grande mestra na música. A temporada na então capital federal durou oito anos. Foi neste período que a carreira de concertista deslanchou, com apresentações em várias cidades do país. Em 1953, ganhou uma bolsa para ir se aperfeiçoar em Madri. A temporada durou quase dois anos em que ela se apresentava em vários lugares da península ibérica. Sua fase de formação se concluiu com novo estágio europeu, dessa vez na capital mundial da música clássica, Viena. Henriqueta permaneceu na Áustria por dois anos com o célebre professor Richard Hauser.

A trajetória europeia foi interrompida pelo falecimento repentino da mãe, em 1958. De volta a Curitiba, reencontrou o antigo namorado, Eduardo Garcez Duarte, e reataram o namoro que rapidamente virou noivado e casamento, celebrado no ano seguinte. O casal compartilhava uma intensa paixão pela música e atuou intensamente pela vida musical curitibana durante as décadas seguintes. Da união, que durou quase 57 anos, veio um casal de filhos.

Henriqueta ingressou no quadro docente da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), onde durante quase 40 anos foi professora e diretora. Contribuiu para a formação de várias gerações de musicistas sempre buscando inovação no ensino musical. Era considerada a mestra, amiga e confidente de diversos ex-alunos que a envolviam em seus projetos pessoais.

Henriqueta e Eduardo fundaram, em 1963, a Pró-Música de Curitiba, sociedade sem fins lucrativos. Em parceria com a SCABI, promoveram importantes temporadas de concertos de música clássica nas décadas de 1960 até 1980, que colocaram a cidade em posição de destaque no cenário musical do país.

Participou da concepção e organização dos primeiros Festivais de Música de Curitiba, sempre realizados no mês de janeiro, de 1966 a 1977. Os festivais, embriões da atual Oficina de Música, reuniam centenas de professores e alunos de música de todo o país e do exterior para cursos e concertos diários, desde música de câmera à música sinfônica e missas solenes. Henriqueta gostava de contar que havia participado da reunião em que o grupo dos idealizadores foi pleitear a verba para a organização do primeiro festival ao então governador Ney Braga, que resolveu apostar no incipiente projeto.

Nos últimos anos de sua vida, passou a se dedicar como voluntária do programa Música e Cognição organizado pelo CENEP, Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas da UFPR. Henriqueta dava aulas de musicalização para crianças com sérios comprometimentos neurológicos. Além das aulas que dava, envolveu no projeto ex-alunas, angariou doações de empresas privadas para adquirir instrumentos musicais e reformar a sala onde se desenvolviam as atividades. Vibrava com cada pequena conquista dos seus “aluninhos”.

“Os camarins dos concertos de música clássica de nossa cidade sem dúvida não serão mais os mesmos sem a presença vibrante de Dª Henriqueta, como era conhecida no meio, que sempre fazia questão de ir confraternizar com seus colegas e amigos musicais”, diz o filho, Joaquim Duarte.

Deixa dois filhos, nora e genro, duas netas e um neto, além de uma grande família de sobrinhos, afilhados, ex-alunos e muitos que a consideravam como matriarca, segunda mãe e mentora.

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