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O psicólogo Mário Henrique de Mattos era conhecido pelo bom humor e pela resiliência.
O psicólogo Mário Henrique de Mattos era conhecido pelo bom humor e pela resiliência.| Foto: Arquivo pessoal

Permanecer positivo e bem humorado ao mesmo tempo em que luta pelo fim das desigualdades é um equilíbrio que poucas pessoas conseguem encontrar. Mas essa combinação definia a personalidade e atuação profissional do psicólogo Mário Henrique de Mattos, de 30 anos, falecido no dia 24 de novembro de 2020. Para ele não tinha tempo ruim. Mesmo enfrentando dificuldades, seguia rumo ao sonho de viver uma sociedade de mais respeito.

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Mário nasceu em Prudentópolis, Centro-Sul do Paraná, e desde pequeno viu que sua realidade seria diferente da maior parte das pessoas. Diagnosticado com mielomeningocele, doença sem cura que afeta a medula espinhal, ele era cadeirante. Cresceu com o pai ausente e perdeu a mãe muito cedo, mas nada disso o impediu de trilhar o caminho para a universidade e para a profissão que desejava.

Para cursar psicologia na Faculdade Guairacá, mudou-se para Guarapuava, nas proximidades da cidade natal. As amplas possibilidades do curso e a vontade de ajudar pessoas a transformarem suas vidas entraram na conta para que ele optasse pela psicologia. Por causa dos frequentes problemas de saúde, fez uma parte da graduação no leito do hospital, conta Karolina Siebert Sapelli Schadeck, que foi sua professora e amiga. “Ele era resiliente. Apesar de todas as dificuldades, encontrava forças, sempre bem humorado, dedicado na faculdade e com muitos amigos”, pontua.

Entre o fim da faculdade e a formatura, passou a atuar profissionalmente na Fundação Proteger, instituição da Prefeitura de Guarapuava dedicada ao cuidado da criança e do adolescente em situação de risco e extremo risco. Em 2020 mudou-se para Curitiba, onde assumiu o cargo de psicólogo da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná (Sesa).

Em setembro, defendeu a dissertação de mestrado na Unicentro, sobre itinerários terapêuticos de homens em transição de gênero. Dizia que não podia deixar passar os preconceitos que sofria por ser homossexual. Sensível a causas sociais, atuava pelo movimento LGBTQI+, pela saúde mental e pelos direitos das pessoas com deficiência.

Muito inteligente e irradiando positividade, conquistou muitos amigos, que sempre estavam a postos para ajudá-lo no que precisasse. Sabendo das dificuldades de locomoção do amigo mesmo dentro de casa, alguns deles fizeram uma vaquinha durante a faculdade e realizaram adaptações para tornar o lar mais acessível para Mário.

Quando não estava trabalhando ou estudando, gostava de assistir séries e filmes, sair para brindar com uma cerveja gelada e estar entre as pessoas que amava. Durante o tempo que viveu em Guarapuava, aproveitou para “turistar” pelos pontos conhecidos da cidade. A amiga e também psicóloga Tamiris Almeida Santos, que passou bons momentos com ele ao participarem juntos de um projeto de extensão universitário em Irati, lembra do modo diferente como Mário percebia e interagia com o mundo. “Ele era uma pessoa que sabia aproveitar o momento. Em uma viagem, por exemplo, você via ele parando e admirando algo simples que havia tocado ele. No meio da correria da rotina, ele parava”, comenta.

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