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Em dois assuntos Newton Todeschini Cavet podia se dizer especialista: futebol e a cidade de Curitiba. Nascido e criado no bairro Água Verde, ele conheceu ali a esposa, Nori, e o time do coração, o Atlético Paranaense. Essas eram duas de suas grandes paixões. Formado em Direito, atuou por pouco tempo como advogado, pois sua vocação estava ligada ao ramo imobiliário. Comandava, desde muito jovem, a empresa de loteamento de terras criada por seu pai. O trabalho deu origem a diversas vilas e bairros pela cidade. Um dos primeiros lotes criados na capital tornou-se uma das homenagens que fez à esposa. Nomeou a região como Vila Nori.

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O trabalho com os terrenos fez com que Newton se tornasse um grande conhecedor de Curitiba. Era como se ele tivesse um grande mapa da cidade decorado. Sabia o nome das ruas, pontos de referência e trajetos para chegar a todos os lugares da capital. Além do seu bairro, tinha uma relação muito próxima com o Centro. Como seu escritório ficava nas proximidades da Boca Maldita, passava longos períodos de seu dia na região. Gostava de discutir todos os assuntos e dividir histórias com os amigos do Calçadão.

A boa memória também se estendia ao futebol. As regras, escalações completas, partidas históricas e nomes de jogadores estavam sempre na ponta da língua. As conversas sobre os jogos eram sempre longas e baseadas nesse grande conhecimento.

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Por sempre estar próximo à Arena da Baixada, foi praticamente conquistado pelo Atlético. Sempre buscou ser mais do que um torcedor. Newton foi um dos primeiros a se associar, quando o time abriu os planos para a torcida, e mais tarde tornou-se um dos conselheiros do Furacão.

Não foi apenas conselheiro no período que esteve ligado à política do clube, mas também era um olheiro. Levou alguns jogadores para atuar no Rubro-Negro entre 1968 e 1982. O mais conhecido desses atletas foi o goleiro Marco Aurélio, que mais tarde atuou também pelo Flamengo. Deixou de ir com frequência aos jogos nos últimos anos, pois tinha medo de não aguentar tantas emoções.

Por toda sua vida, Newton sempre teve um lado artístico. Sonhava desde pequeno em ser cantor, praticava algumas vezes e costumava cantar sempre que podia. A voz era parecida com a de Cauby Peixoto, um de seus ídolos na música. Ouvia e também cantarolava algumas canções de Nelson Gonçalves. “Ele não tocava nenhum instrumento musical, mas gostava tanto de música que até compôs algumas canções”, conta a filha Meroujy.

A dança também era outra face artística que tinha. Nunca fez aulas, mas dominava quase todos os ritmos no salão. Com a esposa Nori, sua grande parceira nos bailes, costumava sair para os “embalos” nos clubes da cidade. O ritmo favorito do casal era o tango, principalmente pela cumplicidade que exige.

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Também gostava de viajar com a esposa; o casal conheceu diversos lugares do Brasil e do mundo. Por onde passavam, ele fazia questão de provar o vinho local. Quando gostava, dava um jeito de trazer uma garrafa ou outra. Newton aprendeu na prática os pontos importantes na hora de degustar a bebida e tornou-se um enófilo por vocação. Seu vinho preferido, porém, não era unanimidade entre os apreciadores. Dizia que a bebida produzida na Califórnia, nos Estados Unidos, era a melhor do mundo.

Sempre foi muito amoroso com a família. Nori e ele tiveram três filhos: dois meninos, Clift e Luiz, e uma menina, Meroujy. Newton foi pai ainda dos meninos Rafael, com Lea Reiss, e Guilherme, com Sirley Mandrick Rodrigues. Tinha origens italiana e francesa. Como bom italiano, gostava de reunir a família para almoços e ainda para contar boas histórias ao redor da mesa. A cultura francesa ditava o cardápio, principalmente os pratos que tinham frutos do mar.

Com a chegada do clima frio, o curitibano teve uma pneumonia e ficou internado por alguns dias. Estava se recuperando da doença, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória. Newton completaria 80 anos nesta quarta-feira (8). Deixou a esposa Nori, os cinco filhos, Clift, Meroujy, Luiz, Rafael e Guilherme, netos e bisnetos.

Lista de falecimentos - 08/07/2015

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