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Nydia organizou um grupo de mulheres imigrantes através do bordado para enxovais.
Nydia organizou um grupo de mulheres imigrantes através do bordado para enxovais.| Foto: Arquivo da família

A essência da vida de Nydia Covas Barrionuevo, falecida no dia 30 de outubro, aos 93 anos, foi um misto peculiar de elementos. Ao mesmo tempo em que foi a responsável por grande parte dos enxovais de noivas e recém-nascidos curitibanos por várias décadas, tinha opinião importante para os rumos da política local ao participar quase como uma consultora informal de políticos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) no Paraná nas décadas de 1980 e 1990. Além disso, era uma apaixonada por música clássica e passou anos se aprimorando no melhor modo de apreciá-la.

Nascida em Santos (SP), fez de Curitiba o local para o crescimento da família. Ela e o marido, Waldemar Barrionuevo – que assim como o sogro, trabalhava no ramo cafeeiro – mudaram para a capital paranaense em 1949, por ser um entreposto de mais fácil locomoção para cidades como Paranaguá, ponto importante para os negócios de exportação do café. Chegaram com dois filhos, uma delas com apenas 10 meses de idade, e teriam mais dois.

Além do cuidado com a família, Nydia se engajou na organização de enxovais. Em sua juventude, era comum o planejamento minucioso das peças que comporiam os jogos de cama, mesa e banho em ocasiões como a união de um casal ou o nascimento de um filho. Ela era especialista não só em escolher as opções de melhor qualidade e trazer de outras localidades quando necessário, mas em pensar nos estilos e desenhos seguidos pelos bordados nas peças.

Foi por meio desse trabalho que ela se aproximou de um grupo de mulheres que bordavam com muita habilidade e com as quais manteria uma amizade por toda a vida. Recém-chegadas de Portugal, através do bordado e da organização de enxovais realizada por Nydia, elas puderam se desenvolver no novo país criando renda com as próprias mãos e agulhas. A tradição do bordado permanece até hoje entre as filhas e netas de muitas dessas mulheres.

O envolvimento de Nydia com a política esteve relacionado principalmente ao fato dela ser irmã de Mário Covas, que foi deputado federal e governador do estado de São Paulo. No período mais próximo do falecimento de Covas, em 2001, foi possível perceber Nydia quase como uma porta-voz do que acontecia com o governador, além de contribuir com ponderações pontuais sobre o cenário político. “Ela nunca teve intenção de ser protagonista na política, participava das discussões com sua opinião no sentido de lembrar que a política atua em benefício da população. Mas sem ter um papel definido dentro da estrutura partidária”, explica a filha de Nydia, a pedagoga Maria Cristina Bromberg.

Nos últimos 30 anos, frequentou religiosamente aulas de música com Clarice Miranda e Liana Justus, com foco na formação de plateia e na apreciação plena da música clássica. Nydia sempre foi uma apreciadora da música erudita, e os cursos levaram-na a estudar mais a fundo os grandes compositores, orquestras e óperas. Com o grupo de alunos, fez diversos passeios e viagens para ver concertos e apresentações musicais. Também por causa dessa atividade, se aproximou de jovens músicos em desenvolvimento. Mais tarde, ganhou serenata de um deles na casa de repouso onde passou algum tempo. O pianista Pablo Rossi lhe prestou essa homenagem.

A filha Maria Cristina lembra da capacidade de cativar que Nydia tinha. “Era uma mulher muito inteligente, as pessoas gostavam de conversar com ela, desde os mais jovens até os idosos”, relembra. Nydia deixa quatro filhos, 12 netos e 16 bisnetos.

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