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 | Arquivo da família/
| Foto: Arquivo da família/

Na sala de estar, uma variedade de livros se espalha pela estante. Na mesa ao lado da poltrona preferida, uma taça de vinho, bebida da qual ele se tornou conhecedor com o tempo. No centro de tudo isso, Henrique Sérgio Corrêa de Azevedo aprecia o cenário ideal que criou para si mesmo dentro de casa. No colo, um dos livros da estante que ele lê em no máximo uma semana, para logo emendar em outro clássico.

Essa era uma cena comum encontrada por quem entrasse na casa de Azevedo pelo menos nos últimos dez anos, período de sua aposentadoria. Falecido em maio deste ano, aos 70 anos de idade, trabalhou como engenheiro elétrico da Copel, instituição na qual ocupou o cargo de diretor. Atuando por quase 40 anos, também foi o local onde fez amigos que levou para a vida toda.

Graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) como melhor aluno da turma, desde cedo Azevedo demonstrava ir além dos interesses acadêmicos e privilegiar um tipo de conhecimento diverso que gerasse mais cultura. Ainda na faculdade, seguia as vontades que preenchessem sua sede por novos aprendizados, como aprender latim.

Na criação das três filhas, sempre priorizou a educação e passou para elas o gosto pela literatura. Fiódor Dostoiévski, Liev Tolstói e James Joyce eram alguns dos autores lidos por ele e incentivados na casa. Apesar de gostar de ter livros físicos sempre à mão, acompanhava as novidades tecnológicas até quando diziam respeito ao hábito de ler. Por isso, era comum vê-lo trocar a virada as páginas pelo toque na tela de um leitor digital.

Das leituras, não retirava somente conhecimento para si mesmo. Gostava de compartilhar artigos com os amigos e conhecidos, para inspirar mais pessoas com o que havia feito ele mesmo se desenvolver. Desde materiais sobre arte – seus pintores preferidos eram variados, do surrealista Salvador Dalí ao impressionista Claude Monet – até textos sobre tecnologia.

De personalidade calma, não era dado a papos para o alto, sem propósito algum. Gostava de conversar com os amigos e ficar na tranquilidade de seu local de conforto. Prezava pelo bem-estar dos que estivessem ao seu redor e, mesmo sendo da calmaria, gostava de reunir os amigos em casa em churrascos onde preparava drinks para os convidados. O ambiente ficava completo com os cães – a família chegou a ter nove deles. O coração do engenheiro amolecia ao ver um animal precisando de um lar e logo levava para casa.

Seu jeito de ser parecia exercer um fascínio sobre as crianças. Mesmo as mais novas, filhos e netos de parentes e amigos que frequentavam a casa, instintivamente gostavam de estar ao lado dele. Deixa esposa, três filhas e um neto.

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