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Cabo de telefonia se rompeu na manhã de quinta-feira, causando engarrafamento de biarticulados na Av. Sete de Setembro. | Urbs/
Cabo de telefonia se rompeu na manhã de quinta-feira, causando engarrafamento de biarticulados na Av. Sete de Setembro.| Foto: Urbs/

O caos gerado na Avenida Sete de Setembro, região do Batel, em Curitiba, na manhã de quinta-feira (6), logo após o rompimento de um cabo de telefonia, tem a ver com a manutenção escassa desses equipamentos. A afirmação é de quem viu de perto o engarrafamento de ônibus biarticulados, gerado por conta do problema. Os os motoristas não passaram por cima da fiação solta de medo que estivesse energizada.

Na onda do incidente – que chegou a parar por quase uma hora o trânsito de ônibus em um das principais canaletas, nas proximidades do Shopping Curitiba, por volta das 7h, no horário de pico – moradores e comerciantes reclamam do perigo da fiação rompida, muitas vezes largada próxima a passagens de pedestres, bem como da conservação insuficiente do cabeamento aéreo. Situações que não são raras e que podem expor a cidade a um novo transtorno.

“A gente que trabalha embaixo desses cabos fica com medo. E não é só aqui. Toda a cidade é assim”, comenta o flanelinha Jair José Amaro, de 39 anos, que cuida de carros no trecho onde o fio da empresa Embratel cedeu e foi cortado pelo ônibus quinta-feira. Segundo ele, essa é a segunda vez em um mês que um cabo se rompe no mesmo lugar. Não por coincidência. “Falta manutenção. Ninguém vem ver como estão os cabos. Eles vão se acumulando e formam esse maço. Só que quando vêm chuva e vento forte eles cedem. Aí passa ônibus ou caminhão e rompe”, descreve.

Ônibus passa debaixo de fiação com tênis, cujo peso pode levar ao rompimento do caboAniele Nascimento/Gazeta do Povo

O taxista Guilherme Costa Rosa, de 28 anos, viu de perto quando o ônibus expresso passou e rompeu o cabo, por volta das 7 horas de quinta-feira. A canaleta ficou bloqueada e o tráfego dos coletivos foi desviado para marginais e avenidas ao redor. “Na hora ouvi um estouro e quando vi que era um cabo que se rompeu já avisamos o próximo motorista que passava por aqui para não descer. O cabo ficou preso na parte de cima do ônibus e ficou tudo parado aqui”, relatou o taxista. “É perigoso isso porque quando você vê um cabo desse solto não sabe se é energizado ou não. Na dúvida não chega perto, tem que desviar. As empresas deixam bastante a desejar com manutenção. Se fossem mais atentas acho que isso não acontecia”, opina o taxista.

Na Rua Emiliano Perneta, no Centro, André Ricardo, 43, proprietário de um salão de beleza, afirma que é comum cabos cederem na região. Ele não sabe ao certo se o problema é por causa de caminhões ou resultado de vandalismo, já que geralmente as situações ocorrem de madrugada.

Em frente ao salão dele, o emaranhado de fios que sai de um poste trocado há cerca de oito meses chama a atenção. “Eles trocaram isso faz pouco tempo e em vez de fazer um serviço bom, deixaram assim, feio. Sem contar que quando rompe cabo aqui é um transtorno, porque eles demoram para arrumar. Enquanto isso a gente fica sem luz, sem comunicação”, reclama.

Técnico faz manutenção de cabos: poste sobrecarregado é risco de queda de fiaçãoAniele Nascimento/Gazeta do Povo

Fiscalização

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) é o órgão responsável por fiscalizar o uso dos postes da cidade, compartilhados com outras empresas de telecomunicação. A empresa informou, por meio de nota, que faz periodicamente a manutenção, a modernização e também a fiscalização dos cabos irregulares. A Copel diz ainda que compartilha a estrutura como empresas de telecomunicações e dados, as quais são responsáveis por manter o cabeamento em ordem.

Desde 2014, a empresa e prefeitura de Curitiba mantêm parceria com a Copel para a retirada de cabos irregulares dos postes da cidade , numa tentativa de desafogar o alto volume de fiação.

Segundo a gestão municipal, a parceria vai continuar e se tornar mais estreita, conforme ficou decidido em uma reunião do município e a companhia em fevereiro, para discutir o assunto. No entanto, ainda não há um calendário para as próximas ações, pois o cronograma depende também de “vários órgãos, das concessionárias e da própria Copel, que aluga os postes e faz a fiscalização dos cabos irregulares”, ressalta a em nota a prefeitura.

Apesar de não ser de responsabilidade do poder público, a Secretaria Municipal de Obras Públicas acrescenta que cobra a regularização do cabeamento aéreo. “Diariamente, as solicitações recebidas via 156 são repassadas às empresas concessionárias e à Copel para tomarem as providências necessárias”, afirma a pasta.

Operadoras

A Embratel, empresa responsável pelo cabo que rompeu quinta-feira na Avenida Sete de Setembro, informou por meio de nota que faz monitoramento constante na rede “para que eventuais ajustes sejam sempre feitos prontamente”.

A Oi, que também compartilha o uso dos postes em Curitiba, declarou que mantém um programa permanente de manutenção de sua rede de telefonia. Em caso de rompimentos de cabos da operadora é possível comunicar o problema telefone 10314.

A Tim esclareceu que parte de sua rede de cabos em Curitiba é aérea e parte é subterrânea. E que no caso dos cabos aéreos “a operadora segue normas de compartilhamento de postes e manutenção dos cabos e - periodicamente - realiza vistorias pela cidade para identificar e organizar os fios, evitando assim riscos à população”. A empresa acrescentou que “qualquer tipo de rompimento é identificado imediatamente pela central de monitoramento TIM e a correção é imediata” e que “se durante a vistoria for detectado algum problema na fixação nos cabos da TIM a manutenção preventiva é, também, imediata”.

Em nota, a Vivo informou que monitora a qualidade e a segurança da rede e, quando identifica fios soltos, envia uma equipe imediatamente para fazer os reparos. A empresa disse ainda que “ mantém um projeto permanente de manutenção preventiva para acompanhar sua infraestrutura na cidade, o que envolve, inclusive, a identificação de fios soltos”. Quem encontrar fios soltos ou rompidos, deve telefonar para o telefone 103 15.

Procurada, a Sercomtel não se manifestou sobre como faz a manutenção e a fiscalização dos cabos que mantém na rede de comunicação em Curitiba.

Lei que exige cabos subterrâneos na área central de Curitiba ainda não saiu do papel

Sancionada pela prefeitura em março de 2015, uma lei municipal que prevê a substituição de toda a rede aérea de cabo e fios da zona central de Curitiba por instalações subterrâneas continua só no papel.

Na época da aprovação do projeto, o Fórum de Cabeamento Subterrâneo e Redes Compactas chegou a ponderar que a lei seria “inexequível”, tamanho o custo demandado pela mudança. A construção de uma rede subterrânea é dez vezes mais cara que uma rede aérea equivalente.

A prefeitura de Curitiba afirmou que tem cobrado que a troca seja feita gradativamente e também dentro do possível em questões de condições técnicas . Mas ressaltou o empecilho financeiro: “ a execução envolve várias concessionárias e obras deste porte também tem um alto custo financeiro”, afirmou.

Procurada, a Companhia Paranaense de Energia afirmou que “é responsável pela rede de postes e pelos cabos de energia, quem mantém devidamente organizados”. A empresa ressaltou que as empresas de telecomunicações e dados, com as quais compartilha a estrutura, são responsáveis por manter o cabeamento em ordem.

A reportagem pediu retorno do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal, mas não obteve resposta .

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