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Isadora, a mãe, Jamile e o pai, Thallysson , ainda no carro logo após o nascimento,observados pela freira Mafalda Genoveva | Hospital Nossa Senhora das Graças /Tallysson Soares/ Arquivo
Isadora, a mãe, Jamile e o pai, Thallysson , ainda no carro logo após o nascimento,observados pela freira Mafalda Genoveva| Foto: Hospital Nossa Senhora das Graças /Tallysson Soares/ Arquivo

Grávida de 35 semanas, a estudante de pedagogia Jamile Moreira da Silva Soares, de 27 anos, esperava conceber a filha Isadora apenas no começo de janeiro. Mas a bebê veio para os braços da mãe na manhã desta quinta-feira (7), em um processo tão rápido que não deu nem tempo de entrar na maternidade. O parto foi no carro da família, estacionado em frente à entrada do hospital. 

Mas, por sorte, um médico obstetra estava no estacionamento e acabou fazendo o parto. Detalhe: sem o equipamento adequado, o doutor teve de usar uma alça de barbante, de uma sacola que tinha no carro, para trazer a criança ao mundo.

A história repercutiu e emocionou os funcionários do Hospital Nossa Senhora das Graças, no bairro Mercês, em Curitiba. Foi para lá que Jamile e o marido, Tallysson Soares, seguiram logo depois de as dores começarem a incomodar a gestante mais do que o normal. 

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Segundo Jamile, os primeiros sinais vieram por volta das 5h30. Como a primeira filha do casal tinha nascido há quatro anos, ela não lembrava mais se o incômodo indicava apenas cólicas normais para a fase avançada da gravidez ou se era um anúncio mais decisivo. Na dúvida, o marido não foi trabalhar e, às 8h30, deixaram a casa em Pinhais, na região metropolitana, rumo ao hospital de Curitiba. 

“Eu achava que ela não ia nascer no dia, mas fomos bem precavidos. Colocamos a bolsa da maternidade dela e minhas roupas no carro e saímos. No caminho de Pinhais, para variar, pegamos todos os sinais vermelhos e a dor só foi aumentando”, recorda a mãe. 

Já ciente de que não era uma cólica qualquer, Jamile sentiu as dores chegarem ao auge tão logo pararam com o carro no estacionamento do hospital. O marido desceu afobado enquanto a estudante ficou aos gritos dentro do automóvel, chamando a atenção da funcionária do estacionamento que correu e conseguiu avisar uma freira que colhia flores no jardim do hospital e um médico que descia do carro naquele exato momento. Coincidência, além do médico, a enfermeira que estavam no estacionamento eram obstetras. 

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“Eu vi que a bolsa rompeu, mas, apesar da dor, fiquei tranquila porque achei que ia demorar um pouco. Mas quando meu marido voltou e o médico pediu para eu descer, disse que não ia conseguir. A minha filha estava nascendo ali. Foi o tempo de meu marido levar o carro até a frente do hospital. Ele ficou com uma mão no volante e com a outra segurou o bebê que estava nascendo”, relembra a mãe. 

Desafio

Apesar de prematura, Isadora nasceu com 49 centímetros aproximadamente 3 quilos. Tão saudável que não precisou nem passar pela UTI. O maior desafio, lembra o médico obstetra João Francisco Gondek, foi garantir a segurança necessária dos minutos pós-parto, principalmente em relação ao cordão umbilical. 

“Eu pedi para o pai manobrar e subir a rampa até a entrada do hospital. Enquanto isso fui pensando em como amarrar o cordão umbilical do bebê até que a equipe descesse. Estava com sapatos sem cadarços, mas vi que tinha no meu carro uma sacola com uma alcinha de barbante. Poderia ser qualquer sacola, mas era uma com uma alça de tecido, que é o que pode usar. Foi bem incrível mesmo”, recorda o médico. 

Embora o atendimento à paciente não tenha demorado, a postura do médico foi decisiva para o momento. A retirada do cordão umbilical em um momento preciso após o bebê nascer é importante para evitar refluxo sanguíneo e, consequentemente, garantir os primeiros minutos de vida. “Assim que a gente amarrou o cordão, ela pegou mais corzinha, ficou mais tranquilinha”, contou Gondek.

Freira Mafalda Genoveva, Jamile e Thallysson Soares e Isadora. Bebê nasceu com 3,050 quilosHospital Nossa Senhora das Graças /Tallysson Soares/ Arquivo

Momento divino

O parto de Jamile também teve um empurrão divino. Assim acredita a freira Mafalda Genoveva, que estava colhendo flores para a capela do hospital no jardim da instituição. Ao ouvir os chamados do estacionamento, se apressou.

“Quando ouvi da funcionária do estacionamento que havia um bebê nascendo, pensei ‘bem, agora é a hora de mostra minha habilidade’. Fiquei um pouco preocupada por causa da limitação física e não poderia entrar dentro do carro, mas Deus se incumbiu de fazer que o bebê nascesse espontaneamente. Foi uma emoção que não se descreve”.

Marcada na história de vida d e pessoas que nunca irão esquecê-la, a pequena Isadora vai para casa neste sábado (8).

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