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Jockey Plaza é um dos novos shoppings brasileiros
Jockey Plaza é um dos novos shoppings brasileiros| Foto: Divulgação/Tacla

A inauguração do Jockey Club do Paraná, em 1955, trouxe a promessa de uma era de progresso e modernidade para o Tarumã, bairro planejado para abrigar um grande centro esportivo de Curitiba. Na esteira da pista de corridas de cavalos, vieram o Ginásio do Tarumã e o Estádio do Pinheirão. Mesmo assim, o plano de uma grande área esportiva ruiu.

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Por isso, são grandes as expectativas com a inauguração do shopping, que abriu as portas na última quarta-feira (5). O maior centro de compras da cidade vai remodelar todo o entorno do Tarumã e promover o desenvolvimento da região, com todos seus bônus e ônus.

O perfil esportivo do Tarumã foi definido no Plano Agache, o planejamento urbanístico da cidade de 1943, mas demorou a sair do papel. Depois do Jockey, veio o Ginásio do Tarumã em 1965, que, tirando o período em que sediou de 1997 a 2004 a equipe profissional e o projeto de formação de atletas de vôlei do Rexona — ambos comandados pelo técnico bicampeão olímpico Bernardinho —, teve uso irregular ao longo de seus mais de 50 anos.

Estadio do Pinheirão em destaque
Estádio do Pinheirão foi uma das promessas que não conseguiu levantar o bairro| Albari Rosa/Arquivo Gazeta do Povo

Já o Pinheirão começou a ser construído em 1972 com a promessa de ser o “Maracanã do Paraná” e abrigar 120 mil torcedores, marca que nunca alcançou. A obra ficou paralisada por 13 anos por falta de recursos e a bola só rolou no gramado do complexo em 1985, com a estrutura de fato finalizada em 1989. Depois de abrigar Athletico e Paraná Clube nas décadas de 1980 e 1990 e alguns jogos da seleção brasileira, o estádio acumulou uma série de dívidas por má gestão da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Foi lacrado por decisão judicial em 2007 e leiloado em 2012.

O último suspiro do polo esportivo no bairro foi nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014, quando o Pinheirão foi descartado para abrigar os jogos de Curitiba, que na ficaram na Arena da Baixada.

Ao mesmo tempo, o mercado imobiliário via na região um grande potencial para receber um centro de compras. Ainda em 2002, o grupo português Sonae, controlador do hipermercado Big, anunciou que investiria na construção de um shopping ao lado do hipódromo.

Em outra frente, o empresário Aníbal Tacla arrematou o terreno do Pinheirão em 2007, em um leilão que posteriormente foi anulado pela Justiça. Esses projetos não prosperaram, mas os planos foram aperfeiçoados e resultaram no contrato firmado em 2010 e que finalmente foi concretizado com a abertura das portas no último dia 5.

Ainda que o shopping interfira no perfil esportivo do Tarumã, ao menos vai contribuir para a manutenção do Jockey Club, com pagamento de aluguel que permite a sustentabilidade da sede do turfe paranaense. A expectativa, aliás, é de levar mais público às corridas de cavalo. O shopping conta com uma visão panorâmica da pista de corridas. “A curiosidade do público com certeza trará ao Jockey Club do Paraná mais frequentadores, que poderão se tornar apostadores ocasionais e no futuro turfistas”, diz texto no site do clube. “Eu sou curitibano e nunca vi uma corrida de cavalos. Por causa do novo shopping, certamente irei aproveitar a chance para vivenciar essa experiência”, afirma o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná (Ademi-PR), Leonardo Pissetti. O Jockey Club é um imóvel tombado pelo patrimônio histórico do estado desde 2005.

Imóveis

O investimento total no shopping feito pelo Grupo Tacla, as construtoras Casteval, Paysage e grupo GRCA foi de R$ 650 milhões. São 400 lojas – parte ainda não abriu ao público – em 200 mil metros quadrados de área construída, o maior de Curitiba.

Shopping já mudou o trânsito na região
Shopping já mudou o trânsito na região| Hedeson Alves / Gazeta do Povo

São esperados cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos quando estiver em operação plena. “Todos esses empregos em um só local estimulam a procura por imóveis na região. Muita gente vai preferir morar perto do emprego, ou mesmo morar apenas para ter facilidade no acesso a tantos serviços”, observa o empresário Aníbal Tacla.

A nova Lei de Zoneamento de Curitiba está em tramitação na Câmara de Vereadores e há uma expectativa do mercado imobiliário para mudança de perfil. “A região precisa caminhar para uma maior verticalização, é um caminho sem volta”, opina o presidente da Ademi-PR. Esse seria inclusive o novo propósito do terreno do Pinheirão, arrematado em leilão pelo empresário João Destro. Um dos projetos em estudo, que ainda não tem viabilidade garantida, é o de um complexo misto de residências, serviços, comércio e escritório.

Independentemente de mudanças na lei ou construções no lugar do estádio desativado, a avaliação é de que o Tarumã e os bairros próximos viverão um período de aquecimento imobiliário. “Para o setor, o shopping é uma grande âncora para se lançar novos produtos tanto na área residencial, como comercial. Ele cria um fluxo de pessoas para esse lado da cidade, que começam a ver atrativos em morar aqui. E há demanda por serviços no meio do caminho, como mais postos de combustível, por exemplo”, diz Pissetti.

Crise brasileira

Para Pissetti, o impacto do shopping na região é maior do que as obras da Linha Verde Norte, que ainda estão em andamento. Ele avalia que o ambiente econômico brasileiro, ainda longe de uma retomada, não prejudica o empreendimento. “Por pelo menos seis meses o movimento deve ser grande, de pessoas interessadas em conhecer o novo shopping. Não só de Curitiba, como de Pinhais e Piraquara, principalmente, mas também de outros municípios da região metropolitana”, acrescenta o empresário.

Aníbal Tacla, veterano no ramo de shoppings centers, diz não temer nenhuma crise. “O que precede o shopping é o estudo de mercado, que dá a ordem de grandeza do empreendimento, de quantos metros quadrados podem ser construídos. Até fizemos algumas adaptações para este momento econômico, mas não há receio. Vemos que os índices da associação de shoppings mostram que as vendas no Brasil cresceram 6,5% em 2018. A previsão para este ano é de 7%. E nós estávamos há quase dez anos na expectativa para abrir o shopping. Mesmo que o crescimento seja menor, já será lucro”, relata.

Obras

O empreendimento precisou vencer uma série de exigências para sua construção, como obras mitigatórias para compensar o impacto no trânsito na região. As ruas Konrad Adenauer e Dante Angelote passaram por reformulação total, com duplicação, asfaltamento, implantação de sistema de águas pluviais construção de duas pontes, paisagismo, calçadas e ciclovias. Também foram instalados 1,7 km de fibra ótica, iluminação pública e pontos de ônibus. Na Avenida Victor Ferreira do Amaral foi feito alargamento de pistas, adaptação do retorno, nova pavimentação, calçadas, semáforos e sinalização urbana.

O empreendimento investiu R$ 22,5 milhões nas obras viárias. Além disso, adquiriu um certificado de potencial construtivo no valor de R$ 38,6 milhões pago ao município, para ser investido na região. No primeiro dia aberto ao público, foi registrado picos de tráfego na região, agravados pela instalação de alguns semáforos que são contrapartidas do shopping.

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