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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Pouco mais de um ano depois de a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Matriz fechar as portas, agora é a UPA do Pinherinho que vai deixar de funcionar. As atividades serão encerradas no próximo dia 4 de novembro. O prédio, depois de passar por uma reforma, será reaberto em dezembro como um centro de atendimento a emergências psiquiátricas, sem mais prestação de serviços clínicos urgentes como ocorre hoje. Em meio a divergências, a Secretaria Municipal de Saúde promete, no entanto, manter no local uma base do Samu para receber possíveis pacientes graves que procurarem a antiga UPA.

De acordo com a prefeitura, a justificativa para o fechamento da unidade – que fica em uma região com mais de 50 mil habitantes – é resultado de uma baixa nos atendimentos prestados desde que a UPA da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) foi reaberta no último mês de agosto, e a do Tatuquara, inaugurada em maio do ano passado.

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Mesmo localizadas em pontos distantes (Sítio Cercado fica a 5 quilômetros, Fazendinha, a 6 km, CIC está a 7 km, e a do Tatuquara, a aproximadamente 9 km), a pasta afirmou que os pacientes que antes buscavam a UPA do Pinheirinho já começaram a migrar para as outras unidades, diminuindo de 320 para 200 atendimentos feitos diariamente no Pinheirinho. E mesmo com reclamações constantes de demora para as consultas, a Secretaria Municipal de Saúde defendeu que, juntas, as UPAS CIC e Tatuquara têm capacidade para atender 25 mil pacientes por mês, mas recebem, em média, 17 mil pacientes – sendo 85% para casos que não se enquadram como urgência e emergência.

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Para a pasta, o cálculo ajuda a dar viabilidade ao projeto e a sustentar a afirmativa de que a mudança não vai sobrecarregar as demais Unidades de Pronto Atendimento da capital. Sobre a possibilidade de locar outro prédio para abrigar a Unidade Estabilizadora Psiquiátrica e, dessa forma, manter a UPA do Pinheirinho, a secretária municipal de Saúde, Marcia Cecilia Huçulak, respondeu que não encontrou imóveis disponíveis para locação.

“Não tem prédio. Se me acharem outro prédio...”, declarou a secretária, completando que, nesse momento, o custo x benefício da UPA também já não seria mais viável. “Se tornou ineficaz do ponto de vista do sistema de saúde. Eu mantenho uma estrutura que atende por dia 200 pacientes a um custo de R$ 2 milhões, sendo que eu posso qualificar esse atendimento”, afirmou.

Confira abaixo a média de atendimentos feitos diariamente nas UPAs de Curitiba

Surpresa

Embora funcionários da unidade – que protestaram no início da tarde desta terça-feira (23) em frente à UPA – só tenham sido avisados da mudança na última semana, a pasta garante que vem estudando o que chama de “requalificação da unidade” há tempos. A mudança no perfil de atendimento da UPA Pinheirinho seria, inclusive, consequência do plano de governo do prefeito Rafael Greca (PMN) no que diz respeito às políticas públicas para tratar de pacientes com transtornos mentais.

Mas a reformulação está longe de ser um consenso. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais Curitiba (Sismuc), por exemplo, alega que os usuários não perceberam essa redução no número de consultas realizadas na UPA e que o encerramento das atividades no local vai sobrecarregar as demais Unidades de Pronto Atendimento da região. “A população diz que não houve diminuição dos atendimentos. E não houve conversa com os funcionários. Para onde eles vão? Não estamos lutando para que não tenha atendimento psiquiátrico, mas para que não feche essa estrutura”, declarou uma das diretoras da entidade, Ivani Amaro dos Santos, de 44.

Na espera por atendimento na manhã desta terça-feira (23), a professora Endi Thais Santos da Silva, de 25 anos, também não sabia que em poucos dias não vai mais poder contar com os serviços da UPA do Pinheirinho. Para ela, a sobrecarga das unidades ao redor deve ser a primeira consequência e ela também vê com parcimônia o novo serviço que será oferecido no prédio. “Eu já precisei de psicólogo, procurei um postinho de saúde e eles falaram que psicólogo é só para quem está se matando. Então, do que adianta criar isso? Se for, então que pelo menos funcione”, questionou.

Emergência psiquiátricas

De acordo com Marcia Huçulak, hoje cerca de 60 pessoas com transtornos psiquiátricos procuram, por dia, a rede de UPAs da capital, formada por nove unidades. E a ideia é de que os serviços médicos de urgência e emergência para esses pacientes fiquem concentrados em apenas uma unidade para melhorar a qualidade do tratamento inicial. Apesar disso, a pasta informou que a nova unidade não vai afetar a estrutura de atendimento dos Centros de Atendimento Psicossocial (Caps), que, em breve, começarão a atender dependentes químicos e pacientes com transtornos mentais nas mesmas unidades, o que já gerou polêmica no ano passado.

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“Essas pessoas estão dispersas. Eles chegam a qualquer momento com quadros depressivos graves, são usuários de drogas com crise de abstinência, alucinados, e em locais com idosos, crianças. Vamos qualificar esse atendimento com equipe qualificada. O Samu vai transferir esses pacientes para a unidade que, inclusive, terá 30 leitos de retaguarda”, explicou.

A secretária de Saúde confirmou ainda que todos os funcionários da UPA do Pinheirinho serão remanejados para as demais UPAs da cidade, inclusive os médicos, e que um corpo clínico especializado com 100 profissionais, entre eles médicos, farmacêuticos, enfermeiros e assistentes sociais, irão trabalhar no novo Centro. A secretária garantiu ainda que a gerência da unidade psiquiátrica será da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes) e não de uma Organização Social, como ocorre com a UPA do CIC.

Média de atendimentos feitos diariamente nas UPAs de Curitiba

UPA Sítio Cercado: 442/dia

UPA Cajuru: 439/dia

UPA Boa Vista: 421/dia

UPA Boqueirão: 361/dia

UPA Tatuquara: 343/dia

UPA Campo Comprido: 313/dia

UPA Fazendinha: 289/dia

UPA CIC: 277/dia

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