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Gazeta do Povo
| Foto: Felipe Raicoski/ Gazeta do Povo

A falta d’água na Rodoferroviária de Curitiba tem causado transtornos a usuários, passageiros e comerciantes do local. Sem água, não há limpeza nos banheiros, as lanchonetes estão usando água mineral para cozinhar e lavar a louça, e a pouca água disponibilizada pela administração do lugar é de difícil acesso, já que envolve uma logística complicada para muitos.

De acordo com a Urbs, que administra a Rodoviária, serviços de reparo emergencial na tubulação ocasionaram o desabastecimento. O corte começou às 13 horas da última quarta-feira (13), e deve se estender até as 18 horas da sexta-feira (15). Aí apareceu o primeiro problema. Segundo alguns comerciantes do local, o aviso que haveria corte só foi enviado a eles após o serviço ser interrompido, às 14h30 da quarta. “Aí fica difícil, não deu tempo de preparar nada. Se comunicassem antes, dava para ter se precavido de alguma maneira”, contou uma lojista, que preferiu não se identificar. 

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Por medo de represálias, já que são permissionários dos espaços, muitos lojistas e trabalhadores têm preferido não se manifestar sobre o assunto. Os que aceitaram dar seus depoimentos, pediram para não serem identificados pela reportagem. 

Outro comerciante reclama da situação que foi oferecida como alternativa. Um caminhão-pipa fornece água para as necessidades básicas dos lojistas, mas a logística para conseguir a água dificulta o acesso, segundo ele. “O caminhão está lá no estacionamento, muito longe. Tem que ir lá, encher os baldes e trazer de carrinho. Além de demorado e complicado, acaba desperdiçando água, também não é a coisa mais higiênica do mundo. Está um caos”, resumiu.

Os passageiros e usuários da rodoviária também sentem o problema. Dos seis banheiros que a estrutura possui, cinco estavam fechados na tarde da quinta-feira (14), quando a reportagem esteve no local. O único aberto estava sendo mantido ‘limpo’ com baldes de água, que eram usados para higienizar os vasos sanitários. O esforço da equipe de limpeza, no entanto, não era suficiente para manter a higiene, já que com a aproximação do fim de ano, e também perto do fim de semana, o movimento da rodoviária aumentou significativamente. Nas semanas de Natal e ano novo, espera-se que passem mais de 200 mil pessoas pela rodoviária. 

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O agricultor Adelcio Fontana, morador da cidade de Sengés, no Norte Pioneiro, chegou de viagem precisando usar o banheiro, e se deparou com a situação da falta d’água. “O cheiro está horrível. Segurei a respiração lá dentro e tentei apressar o quanto consegui, porque olha, não está fácil”, afirmou. Para ele, por Curitiba ser a capital do estado e uma cidade em que alternativas não faltam, deveria ter sido planejado algo para contornar o problema. “É a rodoviária de Curitiba que estamos falando. Não é enterrado num interior, é a capital do estado. Deveria ter ao menos uma dúzia de caminhões pipa aqui para remediar a situação”. 

A apucaranense Leoni Conceição, que veio a Curitiba visitar a filha, classificou como deplorável a situação do sanitário feminino. “É impossível usar. Dá nojo pensar em sentar num vaso daqueles. Eu fico apertada mas não entro mais aí não. Ainda bem que logo chego na casa da minha filha e resolvo. Mas e quem não tem onde ir? Faz o que?”, questionou, após tentar usar o sanitário. 

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A situação constrange também os curitibanos. Apesar de não precisar ir ao banheiro, Neila Mourão, que esperava para embarcar rumo a Florianópolis, ouviu diversos relatos de pessoas se queixando das condições dos sanitários. “Dá meio que uma vergonha. Quem vem para cá sempre ouve que Curitiba é uma cidade limpa, organizada, um exemplo. Daí chega e entra num banheiro desses. Imagina a primeira impressão para quem chega. Fosse eu, não voltava não”, afirmou. 

Para as pessoas que usam ou trabalham no local, resta a esperança que o serviço de reparos seja finalizado o mais rápido possível. “Chegaram a dar uma previsão que poderiam finalizar o concerto na manhã de sexta, mas já ouvimos das pessoas que estão fazendo a obra que não vai, que deve ficar pronto somente no fim da tarde mesmo. Até lá, tentamos remediar como podemos, mas está uma situação muito delicada”, disse uma comerciante. 

Outro lado

De acordo com a Urbs, a Rodoviária está sem fornecimento de água por causa de um conserto emergencial em uma tubulação rompida. O reparo é necessário para evitar que a situação se agrave nos feriados de fim de ano, quando o movimento de passageiros triplica. O conserto da tubulação começou às 13 horas da quarta-feira e a previsão é de que na sexta-feira à tarde o fornecimento esteja normalizado. Para a limpeza dos banheiros e manutenção geral, a Urbs conta com caminhões-pipa.

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